Os observadores da Liga Árabe confirmaram ontem a existência de violações aos direitos humanos na cidade de Homs, no centro da Síria, mas não apontaram se as mesmas foram cometidas pelas autoridades ou por grupos "terroristas" como acusa o governo , informou uma fonte da organização pan-árabe.
De acordo com a fonte, os observadores, que chegaram na terça-feira a Homs e ainda permanecem na localidade, conversaram por telefone com líderes da Liga Árabe, no Cairo, e detalharam a eles as violações que constataram.
Os observadores revelaram que viram corpos e marcas de tiros em casas. Eles visitaram familiares de vítimas para falar sobre as condições em que essas pessoas foram mortas, detalhou a fonte.
A missão de observadores da Liga Árabe recebeu críticas da organização Observatório dos Direitos Humanos (HRW, na sigla em inglês). Para a ONG, o grupo de monitores, da forma como está composto, "não é confiável", e seus primeiros sinais são "muito perturbadores".
Um dos problemas apontados pelo Observatório é a escolha do general sudanês Mohamed Ahmed Mustafa al-Dabi, próximo ao ditador Omar al-Bashir, para chefiar o grupo. "Estamos muito preocupados com a composição da missão. Não há transparência alguma", disse o vice-diretor da divisão de Oriente Médio e África da HRW, Joe Stork, por telefone.
Al-Dabi foi diretor de inteligência militar do Sudão e é acusado por muitos de envolvimento no genocídio em Darfur, pelo qual Al-Bashir teve prisão decretada pelo TPI (Tribunal Penal Internacional).
Os Comitês Locais de Médicos em Damasco disseram que a escolha de Al-Dabi "contamina os esforços" da Liga.
Bagunça
O general sudanês, que percorreu Homs nos últimos dois dias, disse ter visto nas ruas alguma "bagunça", mas "nada assustador".
Para Stork, porém, o problema vai além de Al-Dabi. "A Liga Árabe deveria considerar retirar a missão para uma reorientação. Não dá para seguir com escolta do governo."
Embora o regime de Assad tenha feito algumas concessões aos observadores, incluindo a soltura ontem de quase 800 presos uma das condições principais do plano de paz da Liga Árabe , os militares ao mesmo tempo avançam em uma campanha violenta para reprimir a maioria dos protestos pacíficos. Ativistas afirmaram que pelo menos 39 pessoas foram mortas nos dois dias desde que os monitores começaram o trabalho deles.
A missão da Liga Árabe permaneceria ontem em Homs, a cidade mais atingida pela repressão do regime sírio, e deve elaborar um relatório detalhado que será enviado ao secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Araby.
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