Meios de comunicação que não difundem conteúdo pró-governo de Nicolás Maduro estão cada vez mais sem espaço na Venezuela. Para fechar este cerco, o regime do presidente utiliza maneiras legais, mas subliminares, para inviabilizar a sobrevivência dos meios de comunicação, seja negando matéria-prima, como papel à imprensa, ou até mesmo não liberando concessões.
Recentemente, a Assembleia Nacional Constituinte discutiu o projeto Lei Constitucional contra o Ódio, Intolerância Política e pela Convivência Pacífica. Apesar de não terem sido divulgados muitos detalhes sobre o projeto, sabe-se que a proposta tem como objetivo legitimar o Estado para monitorar o que é publicado na internet. A pena prevista para pessoas que espalharem conteúdo contra o regime de Maduro pode ser de 25 anos de prisão.
Cerco
O governo da Venezuela já fechou 49 veículos de comunicação nos oito primeiros meses 2017, de acordo com o principal sindicato de jornalistas do país. Segundo levantamento da ONG Espacio Publico, nos primeiros meses do ano, o índice de violações da liberdade de expressão foi mais alto da história do país.
Apenas nos últimos dias, dois canais de TV por assinatura e duas rádios foram suspensas pelo Conselho Nacional de Telecomunicações (Conatel). Outro alvo do regime de Maduro foi a rádio Caracas. Agentes armados do Serviço Bolivariano de Inteligência invadiram o local e apreenderam gravações de uma entrevista feita com líderes de manifestações contra o governo atual.
O jornal impresso “El Diario de los Andes”, deixou de circular recentemente por falta de papel-imprensa, fornecido exclusivamente por uma estatal. Já na cidade de Maracaibo, a sede do jornal “Versión Final” foi brutalmente atacada por homens que usaram coquetéis motolov - arma química incendiária geralmente utilizada em protestos e guerrilhas urbanas – com o objetivo de destruir veículos.
Crise
A Venezuela vive uma crise econômica e política desde 2014, mas que se intensificou em abril deste ano. Desde então, mais de 160 pessoas já morreram em conflitos envolvendo forças de segurança, apoiadores e opositores do governo de Maduro.