As críticas do ex-presidente colombiano, Álvaro Uribe, ao próximo encontro de seu sucessor, Juan Manuel Santos, com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, provocaram na sexta-feira (25) as reações dos governos de ambos os países, da oposição venezuelana e da embaixada do Equador em Bogotá.
"Dizem que o presidente Santos vai para a Venezuela no dia 28 (de novembro). Por que não produzem um manifesto dizendo: 'presidente Santos, estamos desconcertados. Como você pode dar mais valor a 800 milhões de dólares do que aos valores democráticos? Os valores democráticos não têm preço?'", disse Uribe na noite de quinta-feira em uma reunião com dirigentes da oposição venezuelana em Bogotá.
"Estou preocupado com a relação do governo colombiano com a Venezuela. O chavismo não acredita no presidente Santos. O chavismo e os marxistas utilizam as pessoas sem acreditar nelas", disse Uribe, cujos dois mandatos presidenciais (2002-2010) foram marcados por constantes conflitos com a Venezuela.
As declarações de Uribe têm se chocado cada vez mais com Santos, cuja candidatura foi apoiada por ele. Esses conflitos foram criticados pelo vice-presidente colombiano, Angelino Garzón, que pediu a Uribe mais comedimento, principalmente em relação a seus comentários sobre as políticas de outros países.
"Temos que respeitar as decisões democráticas da população sobre aqueles que devem ser seus governantes. As relações entre os Estados não podem ser baseadas nas afinidades ideológicas", disse Garzón.
"Queremos reiterar que a vontade política do presidente é fortalecer cada dia mais e de maneira integral as relações com todos os países, inclusive com a Venezuela. Assim como não queremos que outros países intervenham em nossos assuntos internos, também não devemos intervir no dos outros", completou.
Sobre o assunto, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou à TV oficial VTV que "as relações entre Colômbia e Venezuela continuarão se recuperando do grave dano que lhes causou o governo anterior".
Também a oposição venezuelana criticou a postura de Uribe. "Ele possui um entendimento sobre as relações políticas com o qual não concordamos, mas que temos que respeitar", disse o secretário executivo da Mesa da Unidade, Ramón Guillermo Aveledo.
A embaixada do Equador em Bogotá, por sua vez, emitiu um comunicado no qual denunciou que Uribe tenta intervir nos assuntos de política interna e externa da Colômbia, como tem feito no caso da Venezuela.
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