Poucos dias após se tornar uma nova rota de entrada à União Europeia (UE) para milhares de migrantes e refugiados, a Croácia fechou nesta sexta-feira (18) postos na fronteira com a Sérvia e anunciou que não registrará nem acomodará mais pessoas.
Foram fechadas todas as passagens de fronteira entre a Croácia e a Sérvia exceto o posto de Bajakovo, na estrada que liga as capitais dos dois países. Os meios de comunicação locais apontam que os refugiados, que incluem crianças de colo e cadeirantes, continuam entrando no país por campos abertos.
As autoridades estimam que cerca de 13 mil estrangeiros tenham entrado na Croácia pela Sérvia nos últimos dois dias, após a Hungria barrar o fluxo de pessoas com cercas de arame farpado e gás lacrimogêneo.
O primeiro-ministro croata, Zoran Milanovic, que havia dito na quarta-feira (16) que seu país estava “pronto para aceitar e direcionar” os refugiados, convocou nesta sexta uma reunião do Conselho Nacional de Segurança para lidar com o problema de uma forma diferente.
“Nós não podemos mais registrar e acomodar essas pessoas”, disse o premiê em uma coletiva de imprensa. “Eles terão acesso a comida, água e assistência médica, depois podem prosseguir sua viagem. A UE deve reconhecer que a Croácia não se tornará um foco de migrantes. Nós temos corações, mas também temos cabeças.”
Muitos migrantes já haviam sido barrados na fronteira por policiais da Croácia nesta quinta-feira (17).
A mudança de atitude da Croácia irritou a Sérvia, que teme que milhares de migrantes e refugiados, impedidos de entrar na UE, fiquem no país.
O ministro de assuntos sociais da Sérvia, Aleksander Vulin, disse que o país deve denunciar a Croácia a tribunais internacionais caso as passagens de fronteira permaneçam fechadas. Ele argumenta que o país vizinho deveria ter se preparado para o grande fluxo de pessoas.
“Nós não pagaremos o preço da incapacidade alheia”, disse Vulin. “Eu lamento que a humanidade e solidariedade da Croácia tenham durado apenas dois dias.”
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A Croácia tem direcionado muitos dos migrantes que entraram em seu território para a Eslovênia e a Hungria para que continuem sua viagem. A maioria deles tenta encontrar asilo em países mais ricos e receptivos, como a Alemanha, que prevê receber até 1 milhão de pessoas em 2015.
O tráfego de trens entre Croácia e Eslovênia foi interrompido, e muitas das pessoas que chegam a este país têm sido forçadas a retornar àquele.
Enquanto isso, a Hungria anunciou nesta sexta-feira que iniciou a construção de uma cerca provisória de 41 quilômetros de extensão na divisa com a Croácia.
“Durante a noite começaram as obras para o bloqueio da fronteira. Parece que não podemos contar com a ajuda de ninguém”, declarou o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban.
Segundo a polícia, 453 migrantes entraram ilegalmente na Hungria a partir da Croácia na quinta-feira.
Centenas de soldados e policias húngaros foram encaminhados à região fronteiriça para impedir a passagem irregular de pessoas.
A Europa vive atualmente uma intensa crise migratória põe em xeque instituições comunitárias como a livre circulação de pessoas entre os países da área de Schengen.
Segundo o Acnur (Alto-Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), mais de 411 mil pessoas atravessaram o Mediterrâneo para tentar entrar na Europa desde o início do ano.