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Ted Cruz aparece nas pesquisas como principal ameaça a Trump pela vaga republicana nas eleições dos EUA | MIKE BLAKE/REUTERS
Ted Cruz aparece nas pesquisas como principal ameaça a Trump pela vaga republicana nas eleições dos EUA| Foto: MIKE BLAKE/REUTERS

Apesar de a maioria dos espectadores ter se voltado para o espetáculo político protagonizado por Donald Trump durante o debate presidencial republicano da noite de terça-feira (15), Ted Cruz e Marco Rubio só tinham olhos um para o outro.

Os dois senadores, um do Estado do Texas e outro da Flórida, ambos de 44 anos, filhos de cubanos e estrelas conservadoras em ascensão no partido, deixaram bem evidente que veem um ao outro como o principal obstáculo para conseguirem ser nomeados candidato do partido, se Trump cair.

Desse modo, eles se engajaram em uma luta de braço na maior parte do debate, em questões como a política para o Oriente Médio, a segurança nacional e a imigração.“A batalha Cruz-Rubio é agora a definição dinâmica nesta corrida”, disse Ford O’Connell, estrategista republicano.

Ambos em grande parte deixaram Trump sozinho - e, de fato, quando Cruz foi convidado pelos moderadores do debate a apresentar questões ao magnata do setor imobiliário, ele hesitou.

Mas Cruz não fez restrições quando se tratou de Rubio. Entre outras coisas, ele o acusou de ser mole em política imigratória porque no Senado ajudou a criar uma reforma abrangente.“Ele estava lutando para conceder anistia e não para proteger a fronteira. Eu estava lutando para proteger a fronteira “, disse Cruz.

Por sua vez, Rubio acusou Cruz de ter contribuído para tornar os Estados Unidos mais vulneráveis a um ataque terrorista, apoiando um projeto de lei que reduziu o alcance de programas de vigilância do país.

“A próxima vez que houver um ataque, um ataque a este país, a primeira coisa que as pessoas vão querer saber é, por que não sabíamos disso e por que não pudemos impedir”, disse Rubio. “E é melhor que a resposta não seja que foi porque não tivemos acesso a registros ou informações que nos permitiriam identificar esses assassinos antes que eles atacassem.”

A discussão em público vem fermentando há semanas, com cada lado regularmente criticando o outro na mídia, à medida que Cruz subia nas pesquisas. Um recente levantamento de opinião do Des Moines Register apontava Cruz à frente de Trump no Estado de Iowa, que realiza a primeira votação de escolha de candidatos no país em 1 de fevereiro de 2016. No entanto, Trump ainda lidera nas pesquisas nacionais.

Uma vitória der Cruz em Iowa poderia abalar gravemente a candidatura de Trump, já que a mensagem política do magnata é em grande parte baseada em seu domínio atual nas pesquisas de opinião. Além disso, proporcionaria a Cruz o tipo de dinâmica que pode inviabilizar a candidatura de Rubio como o candidato em torno dos qual os eleitores anti-Trump se aglutinam.

Terror pauta debate

Os pré-candidatos colocaram a guerra contra o “radicalismo islâmico” e a declaração antimuçulmana de Donald Trump no centro do debate.

“Os Estados Unidos estão em guerra. Nosso inimigo (...) é o terrorismo radical islâmico”, disse Cruz.“Nossa liberdade está sob ataque”, afirmou Jeb Bush. “O país está fora de controle”, declarou o magnata Donald Trump.

Um a um, os aspirantes republicanos citaram com gravidade as ameaças jihadistas e prometeram maior determinação ante a suposta fragilidade do presidente Barack Obama para defender o país.

A nota discordante sobre o tema foi apresentada pelo senador Rand Paul, representante da ala libertária do Partido Republicano.“Se proibirmos certas religiões, se censurarmos a internet, os terroristas terão vencido”, disse.

Mas todos foram unânimes em atacar o governo do presidente Barack Obama, a quem acusaram de ceder ao “politicamente correto”, que -- afirmaram -- teria debilitado as defesas americanas ao, por exemplo, aceitar refugiados sírios.

“Fomos traídos pela liderança de Barack Obama e Hillary Clinton”, disse o governador de Nova Jersey, Chris Christie, em referência à ex-secretária de Estado que lidera a disputa interna do Partido Democrata.

Bloquear a Internet?

O debate ressaltou as falhas dos serviços de inteligência em identificar o casal americano-paquistanês que matou 14 pessoas em San Bernardino, Califórnia, e antes os irmãos Tsarnaev, autores dos atentados da maratona de Boston em 2013.

Os republicanos criticaram o governo Obama por supostamente não ter interceptado as comunicações dos criminosos nas redes sociais.

“Cada pai nos Estados Unidos confere as redes sociais e os patrões também, mas o governo não pode fazê-lo?”, questionou Carly Fiorina, ex-presidente da Hewlett Packard, que alardeou ter colaborado com a Agência de Segurança Nacional (NSA) quando comandava a gigante de tecnologia.

Donald Trump argumentou que bloquearia o acesso à internet em áreas do Iraque e da Síria controladas pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI). “O EI usa a internet melhor do que nós”, lamentou. “Me falam de liberdade de expressão. Eu não quero que eles usem nossa internet”, completou.

“Entendo porque Donald fez sua proposta sobre os muçulmanos”, afirmou Cruz. “Vamos deter os ataques terroristas antes que aconteçam porque não seremos politicamente corretos”, disse.

As críticas ao favorito vieram, novamente, de Jeb Bush. “Donald, não vai ganhar a presidência à base de insultos”, disse o ex-governador da Flórida.

O senador Marco Rubio criticou o fato de Cruz ter apoiado a proibição da coleta de metadados telefônicos pela NSA, e também pelo tema da imigração ilegal, um ponto importante na disputa republicana.

Rubio disse estar “aberto” a que os imigrantes sem documentos, após dois anos de status temporário, “recebam um green card”, o que abriria a porta para a eventual obtenção da cidadania. “Nunca apoiei a legalização”, rebateu Cruz.

Trump não teve destaque no evento de Las Vegas, como aconteceu nos debates anteriores. Mas isto não impediu que conseguisse manter a vantagem sobre os rivais.

O populismo anti-imigração e antimuçulmano do magnata parece tocar um ponto sensível entre os conservadores. De acordo com uma pesquisa Washington Post/ABC, 59% dos eleitores republicanos elogiam a ideia de fechar a fronteira aos muçulmanos.

“Tocou em um ponto sensível”, afirmou, em tom de aprovação, o ex-governador Mike Huckabee mais cedo, durante o debate prévio com os quatro pré-candidatos republicanos em pior situação nas pesquisas.

Mas o ex-governador de Nova York George Pataki rejeitou completamente a ideia: “É antiamericano, inconstitucional e incorreto”.

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