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A Cruz Vermelha italiana tratou "quatro supostos terroristas iraquianos" em seu hospital de Bagdá como parte de um acordo pelo fim do seqüestro de duas funcionárias italianas de uma ONG humanitária, no ano passado, afirmou um diretor da Cruz Vermelha em entrevista publicada nesta quinta-feira.

Maurizio Scelli, que está deixando o cargo de comissário da Cruz Vermelha italiana, disse que o acordo para a libertação das italianas Simona Pari e Simona Torretta não foi informado às autoridades americanas.

"Os mediadores nos pediram para tratar e salvar as vidas de quatro supostos terroristas procurados pelos americanos, que haviam se ferido em combate. Nós os escondemos e os trouxemos para os médicos da Cruz Vermelha, que os operaram", disse Schelli ao jornal La Stampa. "Também tratamos quatro filhos deles."

O governo italiano, que sempre negou ter pago um resgate pela libertação das "duas Simonas", disse nesta quinta-feira que a Cruz Vermelha é independente e não responde às autoridades.

"O governo da República e seus órgãos nunca condicionaram ou influenciaram as operações (da Cruz Vermelha), que são realizadas com total autonomia", disse a nota oficial, acrescentando que sempre houve cooperação "estreita e recíproca" entre Roma e Washington no Iraque.

Scelli, que estava presente na libertação das duas funcionárias das ONGs, em 28 de setembro de 2004, disse que se envolveu profundamente nas negociaçães para o fim do seqüestro.

Ele afirmou ao jornal que a decisão de ocultar os detalhes dos americanos foi aprovada por Gianni Letta, braço-direito do primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

"Manter os americanos no escuro sobre os nossos esforços para libertar as reféns era uma condição inegociável para garantir a segurança das reféns e de nós próprios", disse ele.

Scelli disse ter consultado na época o agente da inteligência italiana Nicola Calipari, que em março seria morto por tropas americanas nos arredores do aeroporto de Bagdá, logo depois de libertar outra refém italiana.

Itália e Estados Unidos apresentaram versões conflitantes sobre a morte de Calipari. Os EUA disseram que a culpa foi dos italianos, por não informarem sobre a operação de resgate da refém.

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