Pelo menos 549 pessoas morreram e 1.707 ficaram feridas no Iêmen desde o início da ofensiva militar contra os rebeldes houthis, há pouco mais de duas semana, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre as vítimas, 217 mortos e 516 feridos eram civis. Além disso, o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Christophe Boulierac, afirmou que ao menos 74 crianças foram mortas e 44 ficaram feridas devido aos combates entre os xiitas da milícia houthi e os defensores do presidente Adbo Rabbo Mansour Hadi, que fugiu para a Arábia Saudita.
Armas
Os Estados Unidos estão acelerando o envio de armas à coalizão liderada pela Arábia Saudita que enfrenta combatentes houthis do Iêmen, disse ontem o vice-secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
Ele pediu que todas as facções políticas se comprometam com o que chamou de “solução política consensual“.
“A Arábia Saudita está enviando uma mensagem forte para os houthis e seus aliados, a de que não podem tomar o Iêmen pela força”, declarou Blinken, referindo-se à campanha militar de vários países árabes para evitar que os houthis, apoiados pelo Irã, assumam o controle do país.
Ontem, um primeiro avião com médicos da Cruz Vermelha chegou a Sanaa, a capital do país. A Cruz Vermelha classificou como “catastrófica” a situação no país, principalmente na cidade meridional de Áden, palco de confrontos violentos entre rebeldes da milícia xiita e as forças leais a Hadi. “A situação humanitária no Iêmen é muito difícil; as rotas navais, aéreas e terrestres estão cortadas”, afirmou a porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Iêmen, Marie Claire Feghali.
Áden é o bastião das tropas leais a Hadi, que havia se refugiado na cidade após o avanço dos houthis, que tomaram a capital Sanaa em fevereiro. Os confrontos continuaram ontem em Áden. O porto da cidade, o maior do Iêmen, está sob controle dos rebeldes houthi. “A guerra em Áden está em cada rua, em cada esquina. Muitos não podem fugir”, disse Marie Claire Feghali. Além dos mortos e feridos, ao menos 100 mil pessoas tiveram de fugir de suas casas devido ao conflito.
Mais vítimas
Christophe Boulierac alertou que os números de vítimas (compilados desde o dia 19 de março) são uma estimativa provavelmente abaixo da realidade. O porta-voz esclareceu que não podia especificar quais crianças morreram como consequência direta de artilharia ou bombardeios e quais tinham morrido por não contar com a resposta necessária a doenças ou condições prévias.
“É preciso se levar em conta que a ‘normalidade’ da grande maioria de crianças no Iêmen antes do conflito era a desnutrição crônica. Muitos dependiam de ajuda para sobreviver, uma assistência que foi interrompida nas últimas semanas”, explicou Boulierac. “Além disso, existe o problema do acesso à água potável, que se torna cada vez mais difícil, o que nos faz temer a possibilidade de surtos de doenças graves como a diarreia”, acrescentou. O porta-voz do Unicef afirmou que se calcula que pelo menos um milhão de crianças iemenitas não estão podendo frequentar a escola.
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