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A dissidente Laura Pollan, mostra foto de seu marido, Hector Macedo, um dos presos políticos de Cuba | Adalberto Roque/AFP
A dissidente Laura Pollan, mostra foto de seu marido, Hector Macedo, um dos presos políticos de Cuba| Foto: Adalberto Roque/AFP

Espanha

"Acordo abre caminho para uma solução"

O chanceler espanhol, Miguel Angel Moratinos, disse ontem estar satisfeito com a decisão do governo cubano de libertar 52 dissidentes e afirmou que o ato "abre uma nova etapa" rumo a uma solução "definitiva" para o problema dos presos políticos em Cuba. "

Sentimos uma enorme satisfação. Abre-se uma nova etapa em Cuba, com o desejo de solucionar definitivamente a questão dos presos", disse o ministro espanhol, em Havana, em sua primeira manifestação pública ao anúncio das libertações.

Na segunda-feira, a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN) divulgou relatório segundo o qual o número de presos políticos em Cuba caiu quase pela metade desde que Raúl Castro chegou ao poder, em 2006.

Expectativa

Damas de branco comemoram

Por sete anos, elas saíram pelas ruas de Havana vestidas de branco, levando palmas e protestando pela libertação de maridos e filhos. Mas, ontem, o clima era de surpresa, expectativa e alegria entre as Damas de Branco, depois de a Arquidiocese de Havana comunicar que o governo se comprometera a libertar os 52 prisioneiros que restam dos 75 detidos na Primavera Negra, em 2003. Segundo a Igreja, os cinco primeiros deveriam ser soltos ainda ontem à noite e seguir para a Espanha.

"Ainda não recebemos informação do governo, nem sequer sabemos quem serão os cinco primeiros. Como meu marido está doente, creio que sairá logo", contou, por telefone, muito ansiosa, Magali Broche, mulher de Librado Liñares, que está quase cego e fez uma cirurgia no estômago.

Esta é a maior libertação desde que 300 presos foram soltos em 1998. Os dissidentes, no entanto, criticam o fato de os cinco presos terem que se exilar e se perguntam se alguma abertura virá depois disso.

" Acho que o governo vai tentar fechar o capítulo dos presos políticos. Se vai abrir uma agenda mais positiva, isso é é dúvida ", disse Manuel Cuesta, do movimento Arco Progressista.

  • Veja histórico de prisões políticas em Cuba

No mesmo dia em que o chance­­ler da Espanha, Miguel Angel Mo­­ratinos, se reuniu com o presiden­­te de Cuba, Raúl Castro, a Igreja Católica cubana anunciou que um acordo negociado há me­­­­ses com o governo da ilha pode re­­sultar na liberação de ao me­­nos 52 prisioneiros políticos. To­­dos serão soltos em quatro me­­ses.

A princípio, a liberação é unilateral e significa que o governo cubano autoriza os presos a deixarem a ilha e retornarem a seus países de origem.

O assunto foi tema da reunião entre Castro e Moratinos, cuja visita teve como principal objetivo evitar a morte do dissidente cubano Guillermo Fariñas, em greve de fome há mais de quatro meses, e negociar a libertação imediata de outros presos políticos do regime comunista.

O chanceler espanhol foi recebido pelo seu colega cubano Bruno Rodríguez duas vezes durante a visita e apesar de a chancelaria espanhola não ter fornecido maiores detalhes so­­bre os temas discutidos, estima-se que a pressão de Moratinos tenha sido decisiva para a decisão sobre os presos políticos.

Esta é a terceira vez que Mo­­ratinos visita Cuba para acompanhar a situação dos presos políticos. O chanceler disse que vem "acompanhando" a crise de perto, monitorando o diálogo entre o presidente Raúl Castro e o cardeal Jaime Ortega.

Em 19 de maio as reuniões já resultaram na liberação de um preso político que estava doente e o traslado de 12 detidos para prisões em suas Províncias.

O chanceler espanhol espera que este gesto cubano permitam convencer a União Europeia (UE) de levantar a Posição Comum que desde 1996 condiciona a relação do bloqueio a Cuba com avanços em matéria de direitos humanos.

ONU

A alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos, Navi Pillay, espera que o governo cubano se posicione quanto ao caso do dissidente cubano Guillermo Fari­­ñas, em estado crítico após mais de quatro meses de greve de fo­­me para exigir a libertação de presos de políticos doentes.

"Acompanhamos muito de per­­to este caso e mantivemos con­­tato com as autoridades cuba­­nas sobre o caso do senhor Fa­­riñas", disse o porta-voz de Pillay, Rupert Colville.

Ele lembrou que a alta comissária fez contato há vários meses com as autoridades cubanas em relação aos casos dos opositores em greve de fome e que, desde então, privilegiou a via do "diálogo" em sua tentativa de contribuir para uma solução.

Colville ressaltou que "greve de fome é uma decisão pessoal" e acrescentou ainda que "é difícil comentar" sobre os direitos hu­­manos vinculados a uma greve de fome.

O porta-voz indicou que a reivindicação de Fariñas não é co­­mum, já que seu objetivo é "mostrar a preocupação com relação à liberdade de expressão, de reunião e de movimento" na ilha.

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