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O Ministério das Relações Exteriores de Cuba, chefiado por Bruno Rodríguez, denunciou uma rede de tráfico humano supostamente ligada ao governo russo que recruta cubanos para lutarem na guerra contra a Ucrânia.
O porta-voz da diplomacia de Cuba afirmou que foi iniciada uma operação para investigar o grupo criminoso que "convoca" cidadãos que vivem na Rússia e outros da própria ilha para participarem do conflito no Leste Europeu pelo lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin.
O regime cubano disse que, apesar de assumir uma parceria com o Kremlin, não é a favor do conflito com a Ucrânia. O ministério ainda afirmou que o país tem "uma posição histórica firme e clara contra o uso de mercenários”.
"Vamos agir de forma enérgica contra aqueles que se envolvem com o tráfico humano e recrutam cidadãos cubanos para portar armas em qualquer país”, diz o comunicado publicado pelo ministro das Relações Exteriores.
Na rede social X (antigo Twitter), Rodríguez disse que "as autoridades competentes iniciaram processos criminais contra pessoas envolvidas nessas atividades”.
O jornal russo Ryazan Gazette afirma que os cubanos residentes na Rússia aceitaram a proposta de serem combatentes em troca de cidadania.
Em junho deste ano, a ONG Fundação para Direitos Humanos em Cuba fez uma denúncia sobre o envio de soldados para lutar contra a Ucrânia. Segundo a organização, isso estaria acontecendo dentro de um acordo comercial, que estaria gerando dinheiro para o regime do Partido Comunista Cubano.
Tentativa de aproximação
Os países estreitaram a parceria política e diplomática no ano passado, ocasião na qual o governo de Vladimir Putin demonstrou interesse em se aproximar de Cuba, oferendo ajuda à ditadura de Miguel Díaz-Canel, que enfrenta a pior crise econômica desde a implosão do bloco soviético, em 1991.
Em julho, os ministros da defesa cubana e russa se encontraram em Moscou em uma reunião para discutirem a relação entre os dois países. Integrantes do Ministério de Negócios Estrangeiros russo também viajaram para a ilha meses antes, como parte de uma visita a aliados latino-americanos em busca de novas parcerias.