Pressionada por uma grave crise econômica, a ditadura castrista decidiu ampliar a participação da iniciativa privada na economia de Cuba. O regime anunciou neste sábado (6) que autônomos e empresas privadas poderão atuar em cerca de 2.000 atividades econômicas – até então, o número era restrito a 127.
A decisão, que havia sido anunciada em julho passado como uma medida para estimular a economia durante a pandemia, foi comemorada, já que abre oportunidades de negócios para os "cuentapropistas" – eufemismo usado pelo governo para identificar o setor privado. Na ilha, as empresas estatais atualmente representam 85% da economia.
Pouco mais de cem atividades econômicas ficarão limitadas ao setor público. Apesar de as exceções não terem sido reveladas, analistas acreditam que elas estejam relacionadas às áreas de comunicação, saúde, defesa e outras que a ditadura julgue estratégicas.
No ano passado, Cuba registrou uma retração de 11% em sua economia, mas já vinha registrando escassez de insumos básicos para a população. O fim do programa Mais Médicos em vários países, como no Brasil, as sanções dos Estados Unidos e a crise de petróleo na Venezuela são alguns dos fatores que, antes da pandemia, já impactavam a economia da ilha. Quando Raul Castro era presidente de Cuba, a ditadura passou a autorizar uma tímida participação da iniciativa privada, mas nos últimos anos estava dando passos para trás, impondo restrições a estas atividades.
Com a crise econômica agravada pela pandemia, o país passou por ajustes econômicos no início deste ano, incluindo uma unificação monetária e cambiária – eliminação gradual do peso equivalente ao dólar (CUC) depois de quase três décadas. Salários do setor público e preços de produtos e serviços sofreram grandes aumentos e houve uma diminuição de subsídios a fim de incentivar a busca por emprego.