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Ativistas  do grupo “Damas de Branco”, que protestam contra a prisão de dissidentes,  foram libertadas após prisão no domingo | Enrique de la Osa/Reuters
Ativistas do grupo “Damas de Branco”, que protestam contra a prisão de dissidentes, foram libertadas após prisão no domingo| Foto: Enrique de la Osa/Reuters

Viagem

México será o primeiro destino

O Papa Bento XVI chega na sexta-feira ao México, em sua viagem à América Latina. Durante a visita, o Pontífice deverá abordar temas espinhosos na região, da violência do narcotráfico ao crescimento econômico e à desigualdade social.

Durante os seis dias em que permanecerá na região mais católica do planeta, de 23 a 28 de março, o Papa buscará recuperar a relação com milhões de católicos latino-americanos de língua espanhola, que se consideram esquecidos após a morte de João Paulo II.

Bento XVI escolheu dois países muito diferentes, com os quais a Igreja teve durante o último século relações complexas e, em algumas ocasiões, difíceis: além do México, a comunista Cuba.

A necessidade de revitalizar a relação com os católicos da América Latina é evidente frente do declínio constante do número de católicos nos últimos anos, segundo as últimas estatísticas oficiais da Santa Sé. Dar uma resposta ao surgimento das seitas e ao lento e inexorável avanço da secularização é uma das prioridades da viagem do Papa.

AFP

A visita do Papa Bento XVI vai ser positiva para a Igreja Católica e para Cuba. E só. O dissidente Eli­­zardo Sánchez, da Comissão Cuba­­na de Direitos Humanos e Recon­­ciliação Nacional, tem poucas es­­peranças de que a viagem sirva para melhorar as condições dos opositores ao regime castrista. Até agora, uma semana antes do de­­sembarque do Pontífice em Ha­­va­­na, ele diz que a visita serviu apenas para recrudescer a repressão aos opositores.

"Falta uma semana para o Papa chegar, e o governo está aplicando uma política exagerada de repressão contra opositores. Há muita presença policial nas ruas, estão pedindo documentos a jovens, artesãos, às pessoas que tentam ganhar a vida por conta própria, fora do controle do Estado", disse Sánchez, por telefone.

Segundo o dissidente, nas últimas semanas o governo cubano tem detido pastores de algumas denominações evangélicas mais críticos ao regime.

As Damas de Branco — grupo de ativistas que protesta desde 2003 contra a prisão de dissidentes — protagonizou o auge até agora desse aumento na repressão denunciado por Sánchez. No domingo, quando comemoravam os nove anos da fundação da organização, cerca de 70 delas foram detidas após a tradicional procissão matinal, que até então vinha contando com a tolerância do regime. A maioria foi liberada até o início da manhã de ontem, mas duas só foram soltas no fim do dia.

"Agrediram não uma, mas vá­­rias mulheres. E ainda mantiveram duas delas e um ex-preso político detidos por mais tempo", disse Berta Soler, porta-voz do movimento.

Angel Moya, que continua preso, é marido de Berta. Ele é um dos 75 detidos da chamada Pri­­mavera Negra, dissidentes pre­­sos em 2003 e libertados em 2010 após acordo com a Igreja Católica.

As Damas de Branco enviaram uma carta ao Vaticano, solicitando uma audiência com o Papa, mas até agora não receberam resposta, como disse a porta-voz.

Os dissidentes também não encontraram boa receptividade em outra ação para tentar chamar a atenção do Pontífice. No dia 12, um grupo invadiu a Igreja da Caridade em Havana para tentar pedir um encontro com o Papa. A Arcebispado de Havana ficou do lado do governo.

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