![Cuba amplia repressão antes de visita do Papa Ativistas do grupo Damas de Branco, que protestam contra a prisão de dissidentes, foram libertadas após prisão no domingo | Enrique de la Osa/Reuters](https://media.gazetadopovo.com.br/2012/03/ativistas_190312-1.0.86459536-gpLarge.jpg)
Viagem
México será o primeiro destino
O Papa Bento XVI chega na sexta-feira ao México, em sua viagem à América Latina. Durante a visita, o Pontífice deverá abordar temas espinhosos na região, da violência do narcotráfico ao crescimento econômico e à desigualdade social.
Durante os seis dias em que permanecerá na região mais católica do planeta, de 23 a 28 de março, o Papa buscará recuperar a relação com milhões de católicos latino-americanos de língua espanhola, que se consideram esquecidos após a morte de João Paulo II.
Bento XVI escolheu dois países muito diferentes, com os quais a Igreja teve durante o último século relações complexas e, em algumas ocasiões, difíceis: além do México, a comunista Cuba.
A necessidade de revitalizar a relação com os católicos da América Latina é evidente frente do declínio constante do número de católicos nos últimos anos, segundo as últimas estatísticas oficiais da Santa Sé. Dar uma resposta ao surgimento das seitas e ao lento e inexorável avanço da secularização é uma das prioridades da viagem do Papa.
AFP
A visita do Papa Bento XVI vai ser positiva para a Igreja Católica e para Cuba. E só. O dissidente Elizardo Sánchez, da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, tem poucas esperanças de que a viagem sirva para melhorar as condições dos opositores ao regime castrista. Até agora, uma semana antes do desembarque do Pontífice em Havana, ele diz que a visita serviu apenas para recrudescer a repressão aos opositores.
"Falta uma semana para o Papa chegar, e o governo está aplicando uma política exagerada de repressão contra opositores. Há muita presença policial nas ruas, estão pedindo documentos a jovens, artesãos, às pessoas que tentam ganhar a vida por conta própria, fora do controle do Estado", disse Sánchez, por telefone.
Segundo o dissidente, nas últimas semanas o governo cubano tem detido pastores de algumas denominações evangélicas mais críticos ao regime.
As Damas de Branco grupo de ativistas que protesta desde 2003 contra a prisão de dissidentes protagonizou o auge até agora desse aumento na repressão denunciado por Sánchez. No domingo, quando comemoravam os nove anos da fundação da organização, cerca de 70 delas foram detidas após a tradicional procissão matinal, que até então vinha contando com a tolerância do regime. A maioria foi liberada até o início da manhã de ontem, mas duas só foram soltas no fim do dia.
"Agrediram não uma, mas várias mulheres. E ainda mantiveram duas delas e um ex-preso político detidos por mais tempo", disse Berta Soler, porta-voz do movimento.
Angel Moya, que continua preso, é marido de Berta. Ele é um dos 75 detidos da chamada Primavera Negra, dissidentes presos em 2003 e libertados em 2010 após acordo com a Igreja Católica.
As Damas de Branco enviaram uma carta ao Vaticano, solicitando uma audiência com o Papa, mas até agora não receberam resposta, como disse a porta-voz.
Os dissidentes também não encontraram boa receptividade em outra ação para tentar chamar a atenção do Pontífice. No dia 12, um grupo invadiu a Igreja da Caridade em Havana para tentar pedir um encontro com o Papa. A Arcebispado de Havana ficou do lado do governo.
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