Meninas assistem às aulas ao lado de uma foto do ditador Fidel Castro, durante o primeiro dia do ano letivo na escola primária Vo Thi Thang, em 2023, em Havana (Cuba)| Foto: EFE/ Yander Zamora
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Cuba iniciou o ano letivo de 2024-2025 nesta segunda-feira (2) novamente mergulhada em uma grave crise educacional, que tem evidenciado as dificuldades enfrentadas pelo país comunista.

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Conforme informações do portal independente Cubanet, a volta às aulas, que devem movimentar cerca de 1,6 milhão de estudantes, está sendo marcada, novamente, pela escassez de professores e pela insuficiência de uniformes escolares, além de outros desafios estruturais.

No início do ano letivo anterior, o déficit de professores em Cuba era de 17.278, neste, segundo informações da ministra da Educação da ilha comunista, Naima Ariatne Trujillo Barreto, o déficit será de 24 mil profissionais. Em Havana, segundo o Cubanet, a escassez de professores poderá prejudicar mais de 269 mil estudantes em 1.213 centros educacionais. Na capital, estão faltando cerca de 426 professores para tentar lidar com o alto número de alunos.

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“A maior complexidade [de falta de professores] está nas escolas secundárias básicas e nos Institutos Pré-universitários Vocacionais de Ciências Exatas (IPVCE)”, disse Trujillo Barreto ao portal estatal 5 de septiembre, acrescentando que, “os territórios mais afetados são Havana, Artemisa, Mayabeque, Matanzas, Sancti Spíritus, Ciego de Ávila e Camagüey”, que, segundo ela “têm seus desafios para este ano letivo".

Entre os fatores para a escassez de docentes estão a baixa remuneração, a falta de atratividade da carreira pedagógica para os jovens e a forte emigração que o país enfrenta.

Conforme informações do portal Diário de Cuba, a falta de docentes obrigou o regime a adotar medidas “paliativas”, como a contratação de estudantes que ainda estão em formação pedagógica. Há também a sobrecarga dos profissionais que ainda atuam no sistema de educação, já que muitas vezes precisam assumir turmas extras. Essas estratégias, no entanto, têm criado lacunas de conhecimento que afetam negativamente o desempenho dos alunos em provas de ingresso no ensino superior.

Um veículo estatal cubano noticiou que o Ministério da Educação de Cuba estaria discutindo ainda alternativas que envolvem a reinserção no mercado de mil professores que estavam “aposentados” para tentar suprir o déficit e minimizar o impacto da falta de docentes no retorno às aulas. A estratégia, no entanto, não resolveria o problema no longo prazo.

No ano passado, Trujillo Barreto chegou a culpar as sanções dos EUA contra o regime de Cuba, que persegue e tortura opositores, pela escassez de professores que a ilha está enfrentando.

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Uniformes e materiais em falta

O início do ano letivo cubano também será prejudicado pela escassez de uniformes e material escolar. Enquanto a demanda por uniformes chega a mais de 2 milhões de unidades, a ministra da Educação reconheceu que "tensões" na distribuição devido a “falhas na organização” e na “compra de tecidos importados” talvez impeça o regime de atender a necessidade total. O material escolar, que é entregue de forma “gratuita”, também estará sob forte controle de distribuição e provavelmente não deve chegar a todos os alunos.

A crise educacional em Cuba reflete o panorama mais amplo das dificuldades registradas na ilha neste momento. O regime comunista, sob o comando de Miguel Díaz-Canel, enfrenta sua pior crise desde o colapso da União Soviética, com escassez de alimentos, energia e crescente insatisfação popular, que culminaram em grandes protestos em março deste ano.

A educação, que durante décadas foi promovida pelo regime cubano como um de seus grandes "êxitos", tem mostrado sinais cada vez mais claros de deterioração, evidenciando os problemas estruturais de um sistema que não consegue mais sustentar suas próprias promessas.

Segundo o Diário de Cuba, além dos desafios internos, Cuba também enfrentará uma avaliação internacional com a chegada do Estudo Regional Comparativo e Explicativo (ERCE), promovido pela Unesco, que avaliará os modelos de ensino de 16 países. O portal afirma que, na última edição do estudo, realizada em 2019, os resultados mostraram que os alunos cubanos tinham dificuldades com ortografia e precisavam melhorar aspectos relacionados à leitura dos textos.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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