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Carro à venda em Havana. Governo comunista liberou vários negócios no país na tentativa de reerguer a debilitada economia da ilha | AFP
Carro à venda em Havana. Governo comunista liberou vários negócios no país na tentativa de reerguer a debilitada economia da ilha| Foto: AFP

Reação

Cubanos comemoram medidas

Afetados por décadas de restrições legais, os cubanos comemoraram ontem a lei que permitirá vender e comprar uma casa. "Veio em boa hora. É uma medida extraordinária que será muito bem recebida. Agora todo mundo pode vender e comprar casas sem problemas", disse Aida Iglesias, na "bolsa de permutas" de rua no Paseo del Prado em Havana, para onde os cubanos se dirigem para trocar suas casas.

Iglesias, uma dona de casa de 64 anos, trocou "seis vezes" até conseguir "a casa de seus sonhos" e agora quer trocá-la mais uma vez para passar a velhice perto de seus filhos. Ela pensa que o decreto para a compra e venda de moradias pode "facilitar as coisas". "Agora se você não encontrar uma boa permuta, já pode vender sua casa e comprar outra", explicou.

Para Argelio Martín, um marinheiro mercante aposentado de 68 anos, "esse decreto amplia o direito dos cubanos", e colocará fim "às ilegalidades" que existiam em torno da venda de casas.

Mais de 80% dos cubanos são donos de suas casas, mas até agora não podiam vendê-las.

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O governo de Cuba sancionou ontem uma lei que autoriza pela primeira vez em 50 anos a compra e venda de imóveis, medida longamente esperada pela população e que busca impulsionar a de­­primida economia cubana e reduzir o alto déficit habitacional.

"As novas normas jurídicas reconhecem a compra e venda, permuta e adjudicação – por divórcio, falecimento ou saída definitiva do proprietário do país – de imóveis entre pessoas naturais cubanas com domicílio no país e estrangeiros residentes permanentes na ilha", informou o jornal oficial Granma.

A nova legislação faz parte das reformas aprovadas em abril pelo VI Congresso do Partido Comu­­nista para dinamizar a deprimida economia da ilha e reduzir um déficit calculado em meio milhão de moradias.

Cuba, com 11,2 milhões de habitantes, enfrenta uma grave crise habitacional, agravada há três anos pela passagem de três fu­­racões que destruíram meio mi­­lhão de imóveis e deixaram perdas totais de 10 bilhões de dólares.

A escassez de moradia se soma à deterioração das que existem, particularmente nas zonas mais antigas da capital, com exceção de Havana Velha, o setor junto à baía que está sendo reformado com recurso do florescente setor turístico cubano.

Há três anos, o governo calculou que o plano de construção e manutenção de moradias só co­­bria entre 5% e 7% da demanda acumulada.

O governo de Raúl Castro decidiu recentemente realizar, em setembro de 2012, um censo na­­cional, que além de medir a população, proporcionará informações sobre habitações, permitindo avaliar a situação do país e for­­mular uma política socioeconômica adequada.

Um dos artigos mais comemorados pelos cubanos é o que derruba o confisco de bens que, desde a vitória da Revolução em 1959, castigava os emigrantes.

Apesar de não poderem conservar a propriedade ao sair do país, poderão transferi-la antes de ir embora aos familiares ou outras pessoas com as quais tenham convivido por ao menos cinco anos. Quase 2 milhões de cubanos vi­­vem no exterior, três quartos deles nos Estados Unidos.

Desde que assumiu o comando do país em julho de 2003, quando seu irmão, Fidel, ficou doente, Raúl Castro retirou di­­versas restrições e proibições "excessivas", como as que impediam os cubanos de se hospedar em ho­­téis, alugar automóveis, comprar celulares ou eletrodomésticos. Em setembro, autorizou a compra e venda de automóveis.

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