Cuba autorizou a médica dissidente Hilda Molina a viajar para Buenos Aires para se reunir com sua família, afirmou nesta sexta-feira a presidente argentina Cristina Kirchner, depois de uma proibição que afetou a relação entre os países no passado.

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A permissão para a saída da neurocirurgiã cubana de 66 anos foi concedida 15 anos após a médica desentender-se com o ex-presidente Fidel Castro, que era próximo a ela, por críticas ao sistema de saúde da ilha. Desde então, ela não podia viajar ao exterior.

"Ela conta com o passaporte outorgado pelas autoridades cubanas e também com a autorização para sair do país com destino à Argentina", disse Cristina a jornalistas.

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Molina afirmou à televisão argentina que ficou "congelada" ao saber da notícia, e confirmou que tomará no sábado um voo para chegar domingo à Argentina, onde vivem há anos seu único filho, dois netos e sua mãe.

Além disso, a médica descartou a permanência definitiva no país sul-americano. "De nenhum modo (ficaria para viver na Argentina). Eu quero viver em Cuba", expressou a médica ao canal de notícias argentino C5N.

Molina opinou que seu caso não poderia ser considerado como um exemplo de mudança na política migratória de Cuba, já que a permissão para sair do país somente serve para que ela visite sua mãe doente em Buenos Aires.

"A mudança somente seria produzida se todos os cubanos pudéssemos entrar e sair de Cuba sem pedir autorização."

Em Buenos Aires, os parentes de Molina se mostraram surpreendidos e exultantes com a notícia, e agradeceram aos governos de Argentina e Cuba pela autorização. "Isso nos parece um sonho... Tenho que agradecer à família argentina", disse ao canal C5N o filho da médica, Roberto Quiñones, que ainda não conseguiu falar com a mãe.

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No começo do ano, Molina havia pedido à presidente Cristina que intercedesse ante as autoridades cubanas para que autorizassem sua viagem ao país sul-americano. "Vemos com muita satisfação este gesto que tomou o governo da República de Cuba", disse a mandatária.

Em 2005, o caso desatou um conflito diplomático entre os dois países.

Molina retirou nesta sexta-feira seu visto na embaixada da Argentina em Havana. "Ela estava muito emocionada e agradecida ao governo do presidente Raúl Castro", disse à Reuters o diplomata argentino Pedro Von Eyken, que como encarregado de negócios havia emitido no ano passado o visto para que a mãe de Molina viajasse a Buenos Aires.

A mãe da médica vive na Argentina desde maio de 2008 após ser autorizada a viajar pelo governo cubano, três meses depois da chegada de Raúl Castro à Presidência no lugar de seu irmão Fidel.

Molina foi a diretora do Centro Internacional de Restauração Neurológica de Havana, uma das estatais modelo do sistema de saúde pública cubano.

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Segundo a neurocirurgiã, sua ruptura com Castro aconteceu por causa da oposição dele ao emprego de células-tronco humanas para pesquisa. Ela também criticou que seu hospital tivesse se transformado em uma clínica para estrangeiros.