Cuba lançou nesta quarta-feira sua campanha anual para que a Organização das Nações Unidas aprove uma resolução condenando o embargo econômico dos Estados Unidos, enquanto a Casa Branca e o Vaticano também fizeram pressão sobre o Congresso dos EUA para que encerre as sanções que já duram 53 anos.
O Vaticano é um antigo opositor ao embargo da época da Guerra Fria, argumentando que os cubanos comuns são os que mais sofrem com seus efeitos. Havana espera que o papa Francisco expresse essa mensagem durante sua visita de três dias a Cuba com início no sábado, antes da ida do pontífice aos EUA.
Embora seja esperado que o papa destaque a oposição do Vaticano ao embargo durante sua viagem aos EUA, ele não vai insistir na questão para que não se considere que está tentando interferir na política norte-americana, arriscando assim uma reação contrária, disse um representante do Vaticano.
O presidente dos EUA, Barack Obama, que nove meses atrás anunciou uma histórica reaproximação com a ilha governada por comunistas, fez sua própria campanha contra o embargo nesta quarta-feira, pedindo a lobistas empresariais influentes de Washington que pressionem o Congresso a revogar as sanções.
A votação deste ano na ONU, marcada para 27 de outubro, vai marcar a 24a vez que Cuba recruta apoio internacional contra o embargo, mas será a primeira desde que Obama e o presidente cubano, Raúl Castro, surpreenderam o mundo em dezembro do ano passado, quando anunciaram que buscariam restaurar os laços diplomáticos e trabalhar para normalizar as relações. O papa Francisco auxiliou na mediação do processo.
Cuba costuma angariar um amplo apoio em prol de sua causa, e este ano há um interesse maior em saber qual será o voto dos EUA, uma vez que Obama já classificou o embargo como um fracasso, refutando uma política externa utilizada pelos 10 presidentes norte-americanos anteriores.
Embora Obama tenha tomado medidas para afrouxar as restrições de comércio e viagem, somente o Congresso dos EUA pode retirar integralmente o embargo. A liderança da maioria republicana e alguns no próprio Partido Democrata de Obama dizem que a medida deveria continuar em vigor enquanto houver repressão política a opositores e persista o monopólio midiática do governo em Cuba.
O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, disse em um coletiva de imprensa que seu país “reconhece e aprecia” a mudança política promovida por Obama em relação ao embargo. Mas ele também disse que Cuba não faria concessões para que o Congresso dos EUA aprove a remoção das sanções, afirmando que “Cuba não vai realizar nenhuma mudança interna”.
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