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Mais oito norte-americanos vão se formar em Medicina no fim de semana em Cuba, depois de estudarem com bolsas oferecidas pelo ex-presidente Fidel Castro para jovens estrangeiros de baixa renda.

Alguns dos jovens, a maioria negros e latinos, disseram que depois de seis anos em Cuba voltarão aos EUA para tentar mudar um sistema de saúde baseado apenas no lucro.

"Vamos para lá ver se conseguimos mudar alguma coisa", disse Erika Meléndez, 28 anos, em entrevista coletiva em Havana.

Filha de imigrantes salvadorenhos nos EUA, ela disse que soube das bolsas cubanas quando era recepcionista na UTI de um hospital de Los Angeles. Agora, pretende se especializar em ginecologia.

Fidel Castro passou a oferecer em 1999 as bolsas para jovens carentes de mais de 20 países, com o compromisso de que voltem às suas comunidades de origem depois de formados.

Até agora, nove médicos norte-americanos já se formaram em Cuba. Só um conseguiu revalidar seu diplomata e atualmente faz residência num hospital de Nova York.

Cuba considera que seus sistemas de educação e saúde estão entre as principais conquistas da revolução comandada por Fidel em 1959. Afastado do poder há dois anos, o ex-presidente continua fazendo críticas freq¼entes ao sistema de hospitais e universidades privados que vigora nos EUA.

"O comandante (Fidel) nos ofereceu 500 bolsas, mas o programa está crescendo pouco a pouco", disse Ellen Bernstein, representante do grupo protestante Pastores pela Paz, que seleciona os bolsistas norte-americanos.

Meléndez e seus sete colegas compatriotas ainda terão de se submeter a três exames nos EUA para validar o diplomata. Só então poderão fazer residência e exercer a Medicina.

Cerca de 10 mil alunos da América Latina e África estudam atualmente na Escola Latino-Americana de Medicina, criada por Fidel nos arredores de Havana. Cerca de cem deles são dos EUA.

Cuba diz que as bolsas são parte da mesma "tradição solidária" que levou o país a enviar milhares de médicos aos recantos mais miseráveis do planeta.

Críticos dizem se tratar de mero marketing político. Meléndez discorda. "Não é propaganda. Estão me dando a oportunidade que eu precisava."

Nos últimos anos, os serviços médicos prestados no exterior viraram uma importante fonte de receitas para o país. Cerca de 40 mil médicos trabalham em 80 países, sendo metade deles na Venezuela, que paga com petróleo subsidiado.

Nowa Aigbogun, filho de imigrantes nigerianos do Harlem (Nova York), disse que seus pais nunca poderiam ter pagado uma faculdade para ele nos EUA. "Quando ouvi dizer que em Cuba se poderia estudar Medicina sem me preocupar com o dinheiro, não acreditava", contou o graduando, de 30 anos.

"Quero agradecer a Fidel, (ao atual presidente) Raúl Castro e aos líderes da revolução", acrescentou.

Aigbogun contou que está indo embora contente de Cuba. Além de ter conseguido o diploma de médico, também aprendeu a dançar salsa.

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