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O Ministério das Relações Exteriores do regime comunista de Cuba informou nesta segunda-feira (18) que convocou o encarregado de negócios dos Estados Unidos em Havana, Benjamin Ziff, para lhe apresentar uma "nota formal de protesto".
O regime de Miguel Díaz-Canel acusou Washington de estar tendo uma “conduta intervencionista” por causa da veiculação de uma mensagem nas redes sociais da representação americana sobre os protestos massivos que ocorreram contra a ditadura neste domingo (17).
Segundo informações contidas em um comunicado veiculado pela pasta comunista, o vice-ministro Carlos Fernández de Cossío transmitiu no encontro que teve com Ziff a “firme rejeição de Havana à 'conduta intervencionista' e às 'mensagens caluniosas' do governo dos EUA e da sua embaixada em Cuba sobre assuntos internos da realidade cubana”.
Diversas pessoas manifestaram-se neste domingo em Santiago de Cuba – a segunda maior cidade do país – e em pelo menos outras cinco localidades, principalmente no leste da ilha, contra a escassez de alimentos e os prolongados apagões diários que estão afetando de forma intensa o dia a dia.
A conta na rede social X (antigo Twitter) da embaixada dos EUA na ilha mencionou os protestos e instou o regime cubano a “respeitar os direitos humanos dos manifestantes e a atender às necessidades legítimas do povo cubano”. Segundo informações, a polícia estava reprimindo os atos.
Nesta segunda, devido ao simples posicionamento da embaixada americana, a chancelaria do regime de Díaz-Canel afirmou que Ziff recebeu uma "nota formal de protesto" e foi lembrado dos "padrões mínimos de decência e honestidade" das embaixadas, bem como das “regras da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”.
A nota diz que Cuba “atribui a grave crise do país às sanções americanas”, justificativa utilizada com frequência pelo regime de Havana para não se responsabilizar pela crise que gerou na ilha. A ditadura comunista afirma que os embargos e sanções dos EUA são uma “guerra econômica impiedosa” apoiada pelos “meios de comunicação internacionais e pela população do sul da Flórida, [estado americano de onde diversos cubanos asilados também protestaram]”.
A pasta comunista declarou no comunicado que “se o governo dos EUA se preocupasse com a população cubana, retiraria Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo” e deixaria de “perseguir as suas importações de combustíveis e as suas missões médicas”, sem lembrar que Havana persegue opositores, críticos do regime e se alia com países como o Irã, principal responsável por armar os grupos terroristas como o Hamas e o Hezbollah.
As manifestações registradas neste domingo contra o regime comunista foram as maiores ocorridas na ilha desde os atos do dia 11 de julho de 2021, quando foram realizados os protestos mais volumosos em décadas, e está em linha com as manifestações ocorridas em Nuevitas (2022) e em Caimanera (2023). Todos os atos contra Havana contaram com prisões arbitrárias, perseguições e forte repressão por parte do regime comunista.
Neste momento, Cuba, que vive sob a ditadura comunista há mais de 60 anos, está atolada em uma grave crise econômica. Tal crise afetou toda a sociedade e está gerando uma escassez de bens básicos (alimentos, medicamentos e combustível), inflação galopante, apagões diários prolongados e dolarização crescente, o que causou uma migração sem precedentes e um forte descontentamento social.
Os apagões na ilha pioraram nos últimos dois meses devido a avarias em centrais obsoletas de tecnologia da era soviética e à falta de combustível, com taxas de cortes de energia de até 45% em períodos de maior demanda. Estas falhas somam mais de 10 horas por dia em muitas províncias do país.
A pandemia, o endurecimento das sanções dos EUA – que ocorreram por causa das contínuas violações de direitos humanos perpetradas pelo regime de Havana - e os erros internos da ditadura de Díaz-Canel, que tentou implantar políticas econômicas e monetárias ruins, agravaram ainda mais os problemas estruturais do sistema cubano nos últimos três anos. (Com Agência EFE)