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O presidente russo, Vladimir Putin, em encontro com o primeiro-ministro cubano, Manuel Marrero Cruz, em Moscou, na semana passada
O presidente russo, Vladimir Putin, em encontro com o primeiro-ministro cubano, Manuel Marrero Cruz, em Moscou, na semana passada| Foto: EFE/EPA/MIKHAIL METZEL/SPUTNIK/KREMLIN

A Fundação para Direitos Humanos em Cuba, uma organização não governamental sediada nos Estados Unidos, denunciou na semana passada que o regime cubano está enviando soldados para lutar pela Rússia na guerra contra a Ucrânia. De acordo com as informações da ONG, isso estaria ocorrendo nos moldes de um acordo comercial, que estaria gerando dinheiro para o regime do Partido Comunista Cubano.

A denúncia foi feita através de um vídeo disponibilizado no Twitter da ONG. Nele, Hugo Acha, diretor de pesquisas da organização, afirmou que existem cubanos lutando pela Rússia nos territórios ocupados pelo país na Ucrânia.

Acha afirmou que “Cuba é um dos aliados transatlânticos mais relevantes da Federação Russa na agressão contra a Ucrânia”. “Isso fica demonstrado, em primeiro lugar, na maneira como as entidades e organismos de propaganda de Havana construíram a narrativa que equipara o agressor e a vítima”, apontou o diretor.

Acha lembrou que, na época de Fidel Castro, o regime cubano chegava a ganhar cerca de US$ 1.000 por soldado enviado para lutar em conflitos na África. “As dezenas de milhares de jovens cubanos mortos, feridos, mutilados e desaparecidos durante esses conflitos eram apenas uma fonte de lucro para o regime”, disse.

Para Acha, neste momento está ocorrendo a mesma coisa com o envio de soldados cubanos para a Rússia. Ele acusou o regime de Miguel Díaz-Canel de receber uma compensação financeira por cada militar cubano que chega ao país de Vladimir Putin para lutar na guerra da Ucrânia.

“Vale a pena questionar, será que é uma equação válida trocar as vidas da juventude cubana pelo enriquecimento de uma elite corrupta, cujo único objetivo é o seu próprio enriquecimento?”, disse o diretor de pesquisas.

Alerta para a União Europeia

Na quarta-feira passada (14), a ONG Prisioners Defenders emitiu um comunicado afirmando que havia alertado diversas organizações de direitos humanos e autoridades da União Europeia (UE) de que nos últimos meses Cuba e Rússia estariam estreitando ainda mais suas relações. A organização ainda afirmou que o regime cubano “optou claramente por apoiar a guerra na Ucrânia” neste momento.

Ainda segundo o comunicado, o fortalecimento da aliança com a Rússia era exatamente o que Cuba estava buscando nos últimos anos, já que o país está necessitando de novos acordos políticos e comerciais para tentar superar a grave crise que vem enfrentando. A Prisioners Defenders ainda reforçou a denúncia de Hugo Acha, afirmando que o regime de Havana já estaria enviando de “forma regular” soldados da ilha para lutar na Ucrânia.

A ONG destacou que, para confirmar a informação, “basta consultar a lei de Cuba para saber que nenhum militar cubano pode sair da ilha e entrar em tal conflito sem ter sido enviado por seu governo com o passaporte ‘oficial’, ou seja, são soldados ‘alugados’ pela Rússia por meio de acordo com o governo de Cuba, pois de outra forma não podem sair da ilha”.

A organização também revelou que a ditadura de Díaz-Canel assinou um acordo para enviar tropas a Belarus com o objetivo de “receber treinamento militar”.

Segundo o comunicado, “talvez o exército cubano seja um dos poucos no mundo que não precisa receber treinamento das tropas de Alexander Lukashenko [ditador de Belarus], a menos que o treinamento tenha como objetivo entrar em combate usando armamentos modernos fornecidos pela Rússia, o que faz todo o sentido na situação atual, já que [...] os meios de comunicação russos estão divulgando [a presença d]os militares cubanos enviados para lutar na Ucrânia”.

Em maio, veículos de comunicação cubanos, que são controlados pela ditadura castrista, divulgaram informações de que militares da ilha estariam sendo enviados para Belarus com o objetivo de “receber treinamento militar”.

O Ministério da Defesa de Belarus, aliado próximo de Moscou que está recebendo armas nucleares táticas russas em seu território, confirmou que as forças armadas regulares de Cuba haviam assinado um acordo para “treinar tropas no país”.

O vice-ministro da Defesa para Cooperação Militar Internacional de Belarus, Valery Revenko, disse que tinha discutido o treinamento das tropas cubanas no seu país com autoridades cubanas e russas.

Ainda segundo informações da mídia russa, imigrantes cubanos que vivem no país “se juntaram ao exército” para lutar com as tropas que invadiram a Ucrânia, depois que Vladimir Putin assinou uma lei para conceder cidadania aos que se alistassem.

De acordo com as informações, os cubanos receberiam pagamentos em rublos equivalentes a US$ 2.433 do orçamento federal e outros US$ 2.500 do orçamento regional de Ryazan, região central da Rússia onde estão alocados. Os cubanos também estão recebendo, além desses pagamentos, “um salário mensal de US$ 2.545”.

Reaproximação

Nos últimos meses, a relação entre Cuba e Rússia tem se intensificado. Os dois países vêm acertando uma série de acordos militares, políticos e econômicos que parecem ter como objetivo principal aumentar novamente a influência russa na ilha.

Além disso, desde o início do conflito na Ucrânia, Cuba adotou a narrativa russa sobre a guerra e os meios de comunicação estatais do país tentam desacreditar as reportagens ocidentais sobre a invasão promovida pelos russos. Cuba também se absteve diversas vezes de votar para condenar as ações de Putin nas Nações Unidas.

A aliança entre Cuba e Rússia remonta à época da Guerra Fria, quando a ainda União Soviética apoiou o regime comunista de Fidel Castro por meio de subsídios econômicos e armamentos.

Após o colapso da URSS em 1991, Cuba passou a enfrentar uma grave crise econômica e social, que vem se agravando nos últimos anos com aumento da inflação, escassez de alimentos e remédios e manifestações populares pedindo por abertura política.

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