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Raúl Castro chega à cidade de Guantánamo para celebrar o ataque ao quartel de Moncada | Juan Pablo Carreras/AFP
Raúl Castro chega à cidade de Guantánamo para celebrar o ataque ao quartel de Moncada| Foto: Juan Pablo Carreras/AFP

Diplomacia

Washington afirma que governo cubano precisa abandonar autoritarismo

Folhapress

O governo dos Estados Unidos afirmou ontem sua disposição de "estabelecer uma nova relação" com Cuba, mas insistiu que o regime de Raúl Castro deve tomar várias medidas que diminuam o autoritarismo do regime comunista da ilha.

"Neste mandato, o governo dos EUA disse repetidamente que está aberto a estabelecer uma nova relação com Cuba, mas o governo cubano deve começar pelo respeito aos direitos básicos", disse Mike Hammer, porta-voz do Departamento de Estado.

"As tendências autoritárias são muito evidentes e isso tem de acabar", disse Hammer. Ao enumerar as medidas que Cuba deve tomar para facilitar o diálogo, Hammer enumerou a liberdade de expressão à população cubana, o fim dos "maus-tratos" aos dissidentes da sociedade civil e a libertação de prisioneiros políticos. O subsecretário reiterou a reivindicação dos EUA pela libertação do prestador de serviços norte-americano Alan Gross, condenado a 15 anos de prisão em Cuba, em 2011.

O presidente de Cuba, Raúl Castro, acusou ontem os EUA de buscar a derrubada do governo cubano de forma similar ao que ocorreu com os países da Primavera Árabe, ao mesmo tempo em que reiterou a disposição de seu governo em negociar com o inimigo de décadas.

"O dia em que eles quiserem [conversar], a mesa está posta", disse Raúl em um discurso transmitido em rede nacional de televisão em um dos principais dias do calendário político de Cuba. "Eu já os informei por meio dos canais diplomáticos. Se quiserem conversar, conversaremos, mas como iguais. Conversaremos sobre os mesmos temas [democracia e direitos humanos] nos EUA", afirmou ele.

A ilha governada pelos comunistas comemorou o aniversário do ataque de 1953 liderado por Fidel Castro aos­­­­ quartéis do Exército de­­ Mon­­cada na cidade de San­­tiago de Cuba, que deu início à Re­­volução Cubana. Vestido em uniforme militar, Raúl falou na província de Guantánamo, no leste do país, depois de concluída uma celebração oficial para marcar a data.

Raúl, que assumiu o poder das mãos de seu irmão Fidel em 2008, depois de servir como ministro da Defesa por décadas, acusou os opositores do governo na ilha, apoiados pelos EUA e por outros países ocidentais, de "criar as condições e aspirar um dia que aconteça aqui o que ocorreu na Líbia e o que querem que aconteça na Síria".

O ditador da Líbia Muamar Kadafi caiu após um conflito violento. As forças leais ao presidente da Síria, Bashar Assad, tentam reprimir uma rebelião que busca derrubá-lo.

Os comentários de Raúl seguiram-se à morte, no domingo, de Oswaldo Payá, um dos dissidentes e ativistas de direitos humanos mais proeminentes do país, morto em um aparente acidente de carro.

Payá liderou uma petição em 2002 para reformar o sistema político de partido único do país. No entanto, ele também era altamente crítico à política norte-americana com relação a Cuba, incluindo ao embargo econômico contra a ilha.

Washington exigiu na quar­­ta-feira uma investigação­­ "a fundo e transparente" da morte de Payá, que faleceu no acidente ocorrido em uma estrada próxima a Bayamo (744 km a sudeste de Havana), segundo a versão oficial, mas seus filhos afirmam que o carro foi tirado da estrada por outro veículo.

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