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Bandeiras negras em protesto na frente da Seção de Interesse dos Estados Unidos em Havana, única representação norte-americana em Cuba | Desmond Boylan/Reuters
Bandeiras negras em protesto na frente da Seção de Interesse dos Estados Unidos em Havana, única representação norte-americana em Cuba| Foto: Desmond Boylan/Reuters

Cuba está se mobilizando para exigir de Barack Obama "justiça" para as "vítimas do terrorismo de Estado". Nesta quinta-feira (6) será comemorado o 35º aniversário de um atentado anticastrista à bomba contra um avião comercial que deixou 73 mortos.

À luz de velas, com poemas e canções, jovens cubanos realizarão uma vigília à meia-noite para lembrar os 57 cubanos, 11 guianeses e cinco norte-coreanos mortos na explosão do DC-10 da Cubana de Aviação, pouco depois de decolar de Barbados em 6 de outubro de 1976.

O dia será concluído com um ato no Ministério das Forças Armadas Revolucionárias (FAR), que deve contra com a participação do presidente Raúl Castro.

Os dois principais acusados pelo atentado, os anticastristas Orlando Bosch, morto em 27 de abril deste ano, e Luis Posada Carriles, ex-agente da CIA, foram acolhidos nos Estados Unidos sem serem processados por esse crime.

Washington absteve-se também de responder ao pedido de extradição da justiça venezuelana sobre Posada, que, acusado de planejar o atentado na Venezuela, fugiu de uma prisão de Caracas em 1985.

Após a inclusão de Cuba na lista do Departamento de Estado de patrocinadores do terrorismo, Raúl Castro respondeu em 2010 decretando o 6 de outubro "Dia das vítimas do terrorismo de Estado".

"Como consequência do terrorismo de Estado, (Cuba) acumulou um número de mortos e desaparecidos superior aos causados pelos atentados às Torres Gêmeas e a Oklahoma juntos", disse em referência aos 3.478 mortos e 2.099 incapacitados que, segundo as autoridades, deixaram as ações anticastristas em meio século.

Segundo Cuba, Washington se nega a divulgar informação sobre o atentado, pelo qual culpa a CIA e sustenta que a "cumplicidade" dos governos americanos ficou evidente depois que as autoridades cubanas entregaram em junho de 1998 ao FBI 64 folhas sobre 31 ações empreendidas contra a ilha em seu território nos anos 1990. "Como única resposta, o FBI em Miami, com estreitos vínculos com a extrema-direita cubano-americana, apoiadora do terrorismo contra a ilha, concentrou todas as suas forças em perseguir e processar nossos compatriotas", disse Raúl Castro em referência a cinco agentes cubanos, detidos em 12 de setembro de 1998.

Antonio Guerrero, René González, Gerardo Hernández, Fernando González e Ramón Labañino, faziam parte da rede "Avispa", que, segundo Cuba, se dedicava a monitorar grupos extremistas no exílio, ação que Havana justifica legalmente como um "estado de necessidade" ante as persistentes ações contra a ilha.

A liberdade dos cinco, que Cuba reconhece como "heróis lutadores antiterroristas" é uma das principais exigências de Havana para normalizar relações, enquanto Washington exige a do contratista Alan Gross, condenado a 15 anos por entregar equipamentos de comunicação a opositores cubanos.

Na vigília também será exigido "o fim da injustiça cometida contra" os cinco cubanos, segundo um comunicado publicado nos veículos locais.

As comemorações de quinta-feira, que incluem uma peregrinação ao cemitério de Cólon, onde estão os restos mortais das vítimas, coincidirão com a libertação de René González na sexta-feira, que concluirá sua pena de 13 anos, mas que não está autorizado a retornar à ilha, pois deve cumprir três anos sob um regime de liberdade condicional.

"É preciso exigir com toda energia que não se acrescente mais uma injusti8ça, que não se insista em um castigo adicional ao já consumado, que não se coloque a vida de René em perigo", escreveu o jornal oficial Granma.

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