O opositor cubano José Manuel Barreiro Rouco foi condenado a dois anos e meio de prisão em Cuba por compartilhar memes em um grupo privado de WhatsApp com membros de sua família, nos quais os ditadores cubanos Miguel Díaz-Canel, Fidel Castro e Raúl Castro eram retratados de “maneira depreciativa”, informou o portal independente Martí Notícias.
A decisão, emitida pelo do Tribunal Municipal de Cienfuegos, capital da província de mesmo nome, destaca mais um episódio da crescente repressão em Cuba, onde a liberdade de expressão e a privacidade são frequentemente violadas em nome da proteção do regime comunista.
Barreiro, identificado como um barbeiro de 52 anos, foi inicialmente preso preventivamente em 15 de junho de 2023, sob a acusação de ter cometido "atos contra a segurança do Estado". O opositor participou das manifestações contra o regime comunista realizadas em julho de 2021 e desde então passou a ser alvo de investigações e julgamentos, muitos com provas fabricadas, por suposta ligação com “grupos contrarrevolucionários”.
A equipe de defesa havia conseguido recentemente converter a prisão preventiva de Barreiro em prisão domiciliar, que ele estava cumprindo até o momento. O opositor ainda está tentando recorrer dos vários casos pelos quais foi injustamente acusado.
Nos últimos meses, no entanto, no âmbito das investigações contra o opositor, as autoridades comunistas cubanas confiscaram seu celular e encontraram memes que ele havia compartilhado num grupo de WhatsApp chamado "Familly", formado apenas por parentes próximos. A troca de mensagens foi interpretada pelas autoridades comunistas como uma ofensa à "honra e à integridade" das “figuras centrais da Revolução Cubana”, resultando em uma nova ação judicial e posterior condenação contra o opositor.
Durante o julgamento deste caso, que ocorreu nesta segunda-feira (16) no Tribunal de Cienfuegos, os promotores comunistas disseram que o opositor estava divulgando publicamente os memes, para além do grupo privado com seus familiares, o que "feria a honra do regime da ilha". Eles também afirmaram que os memes pregavam "ações violentas contra a ditadura".
A defesa de Barreiro, no entanto, disse que os próprios investigadores viram que o conteúdo havia sido compartilhado de forma privada, apenas com familiares do opositor. Segundo o Martí, em nenhum momento os promotores comunistas conseguiram comprovar que o conteúdo havia sido compartilhado fora do grupo familiar.
"No julgamento, não puderam provar que os memes foram tornados públicos. É uma injustiça", disse Juan Alberto De la Nuez, presidente do Movimento Cidadão Reflexão e Reconciliação, organização independente à qual Barreiro pertence.
Apesar dos argumentos da defesa, o tribunal decidiu condenar Barreiro pelos memes compartilhados no grupo de sua família. A sentença contra o opositor deve ser oficializada em dez dias, período durante o qual ele pode recorrer, embora seja improvável que suas ações sejam atendidas. Enquanto isso, Barreiro permanecerá em prisão domiciliar, respondendo também pelos outros crimes pelos quais foi acusado pelo regime.