Crítica

Fidel diz que discurso de Obama é tosco

O líder cubano Fidel Castro criticou ontem a "insólita aliança entre milionários e famintos" proposta pelo presidente Barack Obama para a América Latina, e classificou seu discurso de tosco e insulto à inteligência. "Os bem-informados – aqueles que conhecem, por exemplo, a história deste hemisfério, suas lutas ou, inclusive, apenas a do povo de Cuba defendendo a Revolução contra o império (...) com certeza se assombrarão com sua proposta", afirmou Fidel em mais um artigo publicado na imprensa local.

No texto, o líder comunista disse ter acompanhado as "peripécias e aventuras" de Obama durante sua visita à América Latina. "A verdadeira razão do maravilhoso discurso de Obama se explica de forma indiscutível por meio de (...) suas próprias palavras (no Chile): A América Latina vai se tornar cada vez mais importante para os Estados Unidos, especialmente para nossa economia".

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Havana - O governo cubano anunciou ontem ter concluído a libertação do grupo de 75 presos políticos condenados em 2003. Embora a soltura dos dissidentes seja vista com bons olhos pela comunidade internacional, a ONG de direitos humanos Anistia Internacional pediu às autoridades do regime cubano maiores garantias para os opositores. Cuba tinha acusado os 75 dissidentes de conspirar com uma potência estrangeira para desestabilizar o governo. O processo foi encerrado ontem com a libertação dos dois últimos detidos.

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"Continuarei a luta pacífica, não violenta, para contribuir para a reivindicação de uma mudança em Cuba pela via democrática e buscando que o governo admita a oposição pacificamente", declarou Félix Navarro, um dos dissidentes libertados.

Tanto Navarro como José Daniel Ferrer, ambos condenados a 25 anos de prisão, chegaram a suas casas na quarta-feira.

"A luta agora será com mais veemência, mas também com mais maturidade", acrescentou Navarro, pouco depois de ser solto.

Acordo

As libertações se deram após um inédito acordo mediado no ano passado pela Igreja Católica com o governo de Raúl Castro, que ganhou impulso após crescentes críticas internacionais sobre violações de direitos humanos por causa da morte do preso político Orlando Zapata durante uma greve de fome.

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Gerardo Ducos, um especialista da Anistia Internacional, instou ontem as autoridades a garantir a atuação da oposição na ilha.

"O que queremos agora é que as autoridades cubanas não obriguem os ativistas a se exilarem como condição para deixá-los livres, que todos os ativistas pró-direitos humanos possam levar adiante seu trabalho legítimo sem medo de ameaças, intimidação, novas prisões ou julgamentos injustos", disse a entidade.

O governo da ilha sustenta que não responderá a pressões nem chantagens e que a libertação "foi uma decisão soberana."

No momento do acordo com a Igreja permaneciam na prisão 52 opositores do grupo inicial de 75 condenados em 2003 a penas entre seis e 28 anos de detenção. O restante havia sido solto por razões de saúde. Quarenta aceitaram a proposta do governo de viajar para a Espanha com sua família e 12 negaram-se a ir para o exílio.

A Igreja também anunciou na terça-feira a libertação em breve do dissidente Néstor Rodríguez Lobaina, cuja soltura havia sido pedida recentemente pela Anistia Internacional.

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