Na noite deste sábado (19), várias cidades de Cuba, incluindo a capital Havana, foram palco de protestos intensos em resposta a um apagão generalizado que já durava mais de 30 horas. O cenário foi marcado pelos cacerolazos, tradicional forma de protesto em que moradores batem panelas em sinal de descontentamento conforme noticiado pelo site cubano 14ymedio. O blecaute prolongado, somado à deterioração crônica do sistema elétrico cubano, reacendeu a revolta popular, enquanto as autoridades lutam para restabelecer o serviço.
Os primeiros panelaços começaram por volta das 18h30 no bairro de Nuevo Vedado, em Havana, e logo se espalharam para outras áreas da cidade. Em San Miguel del Padrón, Lawton e Centro Havana, moradores também saíram às ruas, fazendo barulho com panelas e exigindo o retorno da eletricidade. Em Campo Florido, uma comunidade rural próxima à capital, o descontentamento se manifestou de maneira similar, com sons de panelas ecoando pelas ruas.
No entanto, as manifestações não se limitaram apenas à capital. Em Santiago de Cuba, no bairro de San Pedrito, centenas de pessoas protestaram, enquanto em Camajuaní, na província de Villa Clara, os panelaços começaram já na noite de sexta-feira (18). As ações dos moradores de Camajuaní ocorreram quando se tornou claro que o apagão se estenderia por um longo período. A revolta popular, amplificada pelo colapso do Sistema Energético Nacional (SEN), foi se espalhando por diversas regiões da ilha.
O colapso do sistema elétrico cubano, extremamente deteriorado e sobrecarregado, foi identificado como o principal causador da crise. As autoridades informaram que a termoelétrica Antonio Guiteras, localizada em Matanzas, havia conseguido "sincronizar" sua geração com o sistema energético da região central, mas o progresso foi limitado. Embora algumas áreas tenham experimentado o retorno temporário da eletricidade, a instabilidade permaneceu.
A recuperação do serviço, embora parcial, foi breve. Poucas horas depois de algumas regiões de Havana recuperarem a energia, o sistema voltou a cair às 22h15 de sábado, conforme comunicado do Ministério de Energia e Minas em uma breve mensagem no X. Contudo, em um país onde o acesso à internet é precário e as redes sociais não são amplamente disponíveis, a maior parte da população ficou sem informações claras sobre o estado do sistema elétrico.
Em uma tentativa de tranquilizar a população, o regime cubano destacou que os "melhores especialistas" do país estavam trabalhando para resolver a situação. Entretanto, a gravidade das falhas do SEN impediu avanços significativos. As principais termoelétricas, como a de Santa Cruz del Norte, em Mayabeque, e a de Mariel, em Artemisa, ainda não estavam operando de forma adequada. Segundo as autoridades, a única região que conseguiu manter a estabilidade foi a província de Villa Clara, que forneceu energia para parte de Havana e Matanzas.
Enquanto isso, as preocupações aumentam com a aproximação do furacão Oscar, de categoria 1, que se dirige às províncias orientais da ilha. A população, já enfraquecida pela escassez de água e alimentos, enfrenta a perspectiva de lidar com a tempestade sem eletricidade. Em locais como Banes, na província de Holguín, os moradores já estavam há mais de 48 horas sem energia, intensificando o medo de enfrentar o ciclone em condições ainda mais precárias.
A situação é agravada pela falta de comunicação efetiva. Com muitos jornais estatais sem publicar notícias desde o início do apagão e a rede de telefonia móvel e internet em colapso, a maioria das informações tem circulado via WhatsApp e páginas de Facebook. Apesar de o ditador Miguel Díaz-Canel ter afirmado que a Defesa Civil e os Grupos de Trabalho locais comunicariam a população, poucos cubanos tiveram acesso a essas mensagens.
Este cenário de descontentamento, agravado pelas constantes falhas no sistema elétrico, reflete um problema mais profundo. A infraestrutura energética cubana, obsoleta e incapaz de suportar a demanda, tem sido motivo de queixas constantes nos últimos anos. O atual apagão apenas amplificou as vozes de insatisfação, que cada vez mais desafiam a resposta das autoridades. À medida que o país enfrenta essa combinação explosiva de crise energética e um iminente desastre natural, o regime parece ter dificuldade em manter o controle da situação.
Número de obras paradas cresce 38% no governo Lula e 8 mil não têm previsão de conclusão
Fundador de página de checagem tem cargo no governo Lula e financiamento de Soros
Ministros revelam ignorância tecnológica em sessões do STF
Candidato de Zema em 2026, vice-governador de MG aceita enfrentar temas impopulares