Cuba pediu nesta quarta-feira ao Movimento dos Países Não-Alinhados (MPNA), reunido nesta semana em Havana, que combata a "ditadura mundial" dos Estados Unidos.
Cerca de 50 chefes de Estado e de governo dos 116 países do MPNA se reúnem entre sexta-feira e sábado na capital cubana para relançar o grupo, criado em 1961 como alternativa de países do Terceiro Mundo à então hegemonia dos EUA e da União Soviética.
- Uma verdadeira ditadura mundial quer se impor mediante a guerra e o poder econômico, pretendendo desfigurar a realidade com um discurso intolerante e enganoso - disse o vice-presidente cubano, Carlos Lage, ao inaugurar a sessão ministerial da cúpula.
- É preciso lutar pela concepção de uma nova ordem econômica mundial, mais justa e eqüitativa, que prime pelo trato especial e diferenciado para os países do Terceiro Mundo - afirmou Lage.
Os chanceleres do MPNA discutirão nesta quarta e quinta-feiras uma declaração que, segundo o esboço que circula entre os delegados, critica o unilateralismo e as guerras preventivas de Washington, assim como os ataques militares de Israel ao Líbano.
Mas a pressão de membros mais próximos aos EUA, como Colômbia, Paquistão e Índia, pode fazer com que o documento final seja mais moderado.
Os ministros analisarão também uma declaração, em separado, apoiando o programa nuclear com objetivos pacíficos do Irã, cujo presidente, Mahmoud Ahmadinejad, estará na cúpula.
Ahmadinejad não será o único adversário dos EUA presente em Havana, que fica a apenas 150 quilômetros do território americano. Estarão também o venezuelano Hugo Chávez, o boliviano Evo Morales e o sírio Bashar Assad.
Mais moderados, mas também influentes, são o paquistanês Pervez Musharraf, o sul-africano Thabo Mbeki, o indiano Manmohan Singh e o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
Os países do MPNA representam quase dois terços dos votos na Assembléia Geral da ONU, e, por isso, os organizadores acreditam que podem transformá-lo num instrumento de mudanças.
Cuba recebe esta semana, das mãos da Malásia, a presidência temporária do MPNA. A ilha já liderou o movimento em 1979, época em que o regime cubano provocou polêmica interna por apoiar a invasão soviética no Afeganistão.
Fidel se recupera
A 48 horas do início da cúpula de chefes de Estado e de governo, a participação do anfitrião Fidel Castro continua sendo um mistério.
Ele está afastado do poder desde 31 de julho, por causa de uma cirurgia. Seu irmão Raúl, o presidente interino do país, disse na terça-feira que Fidel "não está jogado numa cama". Outros funcionários do governo disseram que o líder, de 80 anos, "acompanha detalhadamente" os preparativos da cúpula.
- Estes dias em Havana serão de trabalho e otimismo. Enquanto o Movimento se fortalece, Fidel se recupera - disse Lage em seu discurso, sem dar mais detalhes.
Chávez, principal aliado político e econômico de Fidel, deve chegar nesta quarta-feira a Havana para encontrar seu amigo.
Desde a internação, Fidel só é visto em fotos, sempre deitado ou sentado, mas disse que receberá alguns participantes da cúpula na medida em que sua saúde permita.
Governo pressiona STF a mudar Marco Civil da Internet e big techs temem retrocessos na liberdade de expressão
Clã Bolsonaro conta com retaliações de Argentina e EUA para enfraquecer Moraes
Yamandú Orsi, de centro-esquerda, é o novo presidente do Uruguai
Por que Trump não pode se candidatar novamente à presidência – e Lula pode