Usando um sombreiro mexicano preto e branco, Papa Bento XVI passa pela multidão em Leon, antes da missa de despedida de sua viagem ao México. Hoje o Pontífice visita Cuba| Foto: Alberto Pizzoli/AFP

Pontífice pede exercício da fé aos mexicanos

Em seu último dia no México, o Papa Bento XVI rezou uma missa para uma animada multidão, que os organizadores estimam em 350 mil pessoas no parque Bicentenário da cidade de Leon. Foi a maior multidão nesta viagem do papa pela América Latina.

Longas filas de pessoas, muitas rezando, cantando e levando consigo fotos do líder de 1,2 bilhão de católicos em todo o mundo e de Nossa Senhora de Guadalupe, a padroeira do México, fizeram seu caminho para o local da missa por um período que durou horas.

Algumas pessoas acamparam por mais de um dia para conseguir um bom lugar no mais importante evento dos três dias de visita de Bento XVI ao segundo mais populoso país católico do mundo.

O papa passou pelas pessoas em um "papamóvel" e usava um sombreiro preto e branco, para o delírio da multidão.

Paz

O poderio militar e as estratégias humanas não são o bastante para derrotar o mal, afirmou Bento XVI, durante a missa. Na ocasião, ele pediu que a América Latina busque a paz na religião.

O arcebispo de Leon, José Martin Rabago, falou sobre os sofrimentos de um país em que os confrontos entre cartéis de drogas e o Estado mataram mais de 50 mil pessoas nos últimos cinco anos.

"Nós estamos vivendo entre eventos de violência e morte que geraram uma dolorosa sensação de medo, abandono e tristeza", disse Rabago em seu discurso de boas vindas.

O arcebispo condenou as "perversas raízes" dos problemas mexicanos, como a pobreza, falta de oportunidades, impunidade, injustiça e a crença de algumas pessoas de que o objetivo da vida é acumular bens e poder.

Antes da missa, o Papa deu ao México, como presente, um mosaico de Jesus Cristo, que será colocado no monumento Cristo Rei, um dos mais importantes símbolos do cristianismo mexicano.

O estado de Guanajuato, onde fica o monumento, foi o local de importantes batalhas da guerra Cristera, chamada assim porque seus protagonistas afirmaram lutar pelo Cristo Rei. Historiadores dizem que cerca de 90 mil pessoas morreram antes que a paz fosse estabelecida.

CARREGANDO :)

A menos de 24 horas da chegada do Papa Bento XVI a Cuba, opositores do governo comunista da ilha afirmaram ontem que ao menos 70 de seus apoiadores, entre eles 25 mulheres do grupo Damas de Branco, foram detidos por agentes do Estado.

A maior parte das prisões aconteceu em Santiago de Cuba, no leste, cidade onde desembarcará o Papa hoje.

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Os números são da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, que é ilegal, mas tolerada pelo regime, e das Damas de Branco, que protestaram ontem na capital da ilha.

As detenções parecem não serem suficientes para dissuadir os opositores de irem às missas celebradas por Bento XVI – hoje em Santiago e a segunda e última em Havana, na quarta-feira.

Ontem, na capital, a porta-voz das Damas de Branco, Berta Soler, exortou suas companheiras a desafiarem o governo e participar das atividades ignorando advertências feitas por policiais e cercos formais e informais nas casas das ativistas.

"Casa não é calabouço. Se quiserem nos impedir, que nos prendam", disse Soler.

"Eles apareceram na minha casa às 6 horas da manhã e disseram que eu não viesse que ia ser candela [ia pegar fogo], que eu ia ficar presa até o Papa ir embora", disse Elza Sarduy, 27 anos, também "dama".

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Resistência

Momentos antes, Soler liderara a marcha silenciosa das mais de 30 mulheres de branco presentes pelo canteiro central da 5ª Avenida de Miramar, coalhada de representações diplomáticas.

O cortejo foi seguido por ao menos o dobro de jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos, uma não usual profusão de imprensa estrangeira credenciada oficialmente para registrar a visita de Bento XVI.

A manifestação é um dos mais emblemáticos e resistentes símbolos da diminuta e pulverizada oposição.

O governo cubano declarou feriado hoje e na quarta, dia das missas do Papa. Na prática, isso significa que grande parte do funcionalismo está compulsoriamente convocado aos eventos.

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