Vinte dissidentes cubanos que fazem parte de um grupo de 52 a serem soltos pelo governo chegarão à Espanha a partir de terça-feira na condição de refugiados políticos.
O regime comunista cubano anunciou na semana passada, como parte de um histórico acordo com a Igreja Católica, que irá soltar a maioria dos 75 dissidentes condenados em 2003 a penas de 6 a 28 anos de prisão. Os Estados Unidos e a União Europeia elogiaram a iniciativa.
"O primeiro grupo de libertados chegará ao longo do dia de amanhã (terça-feira) à Espanha", disse nesta segunda-feira à Reuters um porta-voz do ministério espanhol de Relações Exteriores.
Desde sábado, Cuba começou a concentrar numa instituição militar de Havana parentes dos presos políticos que viajarão com eles à Espanha. Os presos propriamente ditos foram agrupados na clínica da prisão Combinado Leste, também na capital, onde passaram por exames médicos e receberam documentos para viajar.
"Todos já temos documentação para viajar. Um oficial da segurança do Estado me disse por telefone que não saísse de casa, que vinham me apanhar a qualquer momento", afirmou por telefone à Reuters Irene Vieira, mulher do preso político Julio César Gálvez.
A Arquidiocese de Havana informou inicialmente que 17 presos viajariam para a Espanha com suas famílias. Posteriormente, elevou a cifra a 20.
Parte da imprensa espanhola previa a chegada dos dissidentes ao país ainda nesta segunda-feira, o que coincidiria com o desembarque em Madri da seleção campeã mundial de futebol.
O chanceler espanhol, Miguel Angel Moratinos, disse que a Comissão Espanhola de Ajuda ao Refugiado e a Cruz Vermelha vão ajudar o grupo a encontrar moradia. "Mas depois serão, como não pode ser de outra maneira, cidadãos livres e gozarão de todos os seus direitos", afirmou ele à rádio estatal RNE.
Não está claro qual será o destino dos presos libertados que decidirem não viajar para a Espanha. A Igreja disse que a migração é uma opção, não uma obrigação.
As Damas de Branco, grupo de mães e esposas de presos políticos, disse que não deixará de realizar suas manifestações pacíficas até que todos sejam libertados.
"Enquanto houver um só preso, continuaremos caminhando", disse no domingo Laura Pollán, líder das Damas de Blanco, antes de iniciar sua passeata semanal segurando flores brancas.
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