Mercado de vegetais em Havana: governo tenta estimular produção interna cedendo terras a agricultores| Foto: Desmond Boylan/Reuters

Cuba reduz as importações de comida dos Estados Unidos, seu maior fornecedor de alimentos apesar de décadas de relacionamento conturbado, à medida que o governo comunista aperta o cinto por causa dos problemas econômicos.

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As importações caíram 26% em 2009, para US$ 528 milhões, após terem chegado a US$ 710 milhões um ano antes, segundo relatório divulgado recentemente pelo Conselho Econômico e Comercial EUA-Cuba, entidade sediada em Nova York que fornece informações independentes sobre a ilha e afirma não ter posicionamento político.

"A diminuição não tem nada a ver com as regulações, leis e políticas dos Estados Unidos", disse John Kavulich, um graduado analista político do conselho. "É o resultado do fato de que Cuba não tem recursos."

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Apesar da rixa de quase meio século no Estreito da Flórida, os Estados Unidos são os maiores vendedore de comida para Cuba: produtos alimentícios foram excluídos do embargo de 48 anos no ano 2000. Mas o governo cubano esperou mais de um ano depois da decisão para começar a importar comida dos EUA, irritado com uma regra que exige o pagamento em dinheiro antes da entrega das mercadorias.

Porém, o furacão do fim de 2001 atingiu a produção de comida e deixou pouca escolha a Cuba. Atualmente, os cubanos que re­­cebem alimentos mensalmente do governo consomem frango do Arkansas e trigo do Nebraska.

As importações de outros parceiros importantes, como Vene­­zuela, China e Espanha, também estão em queda. Rodrigo Malmi­­erca, ministro de Comércio Exte­rior, disse em novembro passado que o comércio nos primeiros três trimestres de 2009 caiu 36%.

Medidas

O presidente Raúl Castro tentou ofuscar a queda nas importações ao aumentar a produção agrícola interna, entregando dezenas de milhares de hectares de terras desocupadas para pequenos agricultores.

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Ele fez repetidas advertências de que o governo já não pode mais arcar com os gastos de subsídio na ilha e que os cubanos de­­vem trabalhar mais duro e assumir mais responsabilidade por seu bem-estar econômico. O go­­verno controla cerca de 90% da economia e oferece pesados subsídios a todos os aspectos da vida dos cubanos ao mesmo tempo em que paga salários mé­­dios equivalentes a US$ 20 por mês.

Nos últimos meses, porém, Ha­­­­­vana tem tomado pequenos passos no sentido de mudar esse sistema, eliminando algumas mercadorias do fornecimento mensal de alimentos, abolindo almoços gratuitos para trabalhadores em algumas empresas estatais e diminuindo os gastos com educação e saúde.