Mudanças
Relações podem melhorar condições da ilha, diz Obama
Estadão Conteúdo
A abertura das relações entre os Estados Unidos e Cuba é a melhor chance de influenciar o governo cubano e melhorar as condições na ilha, afirmou o presidente americano Barack Obama. Durante a última coletiva de imprensa do ano, Obama disse que espera um "debate saudável" no Congresso sobre a retirada do embargo a Cuba e que a Casa Branca não pode agir unilateralmente nesse assunto.
Obama disse que não espera que as mudanças de políticas vão alterar a vida em Cuba da noite para o dia, mas acrescentou que a nova relação oferece mais oportunidade para os EUA atuarem para a melhora das condições do país. De acordo com o presidente, o país continua a se preocupar com a democracia e os direitos humanos no país latino, onde o regime ainda "oprime seu povo", disse Obama.
Por décadas, essa foi a primeira resposta de Cuba às críticas.
Mau desempenho econômico? Um óbvio efeito do embargo comercial dos EUA, resultante em um bloqueio à ilha por uma provocadora superpotência.
Prisões de dissidentes? Um ato legítimo de autodefesa contra mercenários que trabalhavam para o país mais rico do mundo, que apoiou a fracassada invasão da Baía dos Porcos e tramas de assassinatos ao líder revolucionário Fidel Castro.
Agora, no entanto, com Washington concordando em restaurar laços diplomáticos que estavam cortados desde o início dos anos 1960, o governo comunista de Cuba pode não ser capaz de culpar tão prontamente sua nemesis da Guerra Fria.
"O grande lobo mau do imperialismo ianque está suavizando sua mordida - então eles não mais terão um bode expiatório pronto para explicar o que está errado com a ilha", disse um diplomata latino-americano que costumava morar em Cuba e ainda acompanha os eventos no país.
Cuba buscou repetidamente dispersar a ideia de que secretamente desejava a continuidade do embargo, dizendo que se os americanos assim acreditassem, deveriam desafiar Cuba, suspendendo as sanções. Mas, como agora essa possibilidade é maior, também são os riscos.
Estados latino-americanos e países que apoiaram Cuba na batalha contra os EUA podem se tornar menos tolerantes ao governo de um partido, à repressão a dissidentes e aos rígidos controles sobre a economia e a imprensa caso a ameaça dos EUA desapareça.
"Não haveria nenhuma justificativa de que estamos em estado de guerra, porque os americanos estão constantemente nos atacando. Eles não serão capazes de justificar isso, pelo menos não para seus amigos", disse José Daniel Ferrer, líder da União Patriótica Cubana (Unpacu), a maior organização dissidente do país.
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