Cuba está passando por seu pior momento na pandemia. Nesta quinta-feira (5), o país caribenho registrava a maior taxa diária de mortes e novos casos de Covid-19 entre os países da América Latina, de acordo com a plataforma Our World In Data. Cuba tinha, nesse dia, 807 infecções por milhão de habitantes e sete óbitos por milhão de pessoas.
O Ministério da Saúde de Cuba informou que na quarta-feira morreram 93 pessoas e foram identificados 8.399 novas infecções, elevando o total de casos ativos para 45.632. O recorde diário de óbitos foi registrado no dia anterior: 98.
Havana e Ciego de Ávila são as regiões mais críticas. O próprio Partido Comunista de Cuba admite que a situação de Ciego de Ávila é "estridente" e que destoa do contexto nacional. A ditadura chamou de volta para a ilha cerca de 200 médicos que estavam em missão na Venezuela, para que eles possam ajudar na crise sanitária.
O regime também transformou um hotel, no centro da cidade de Ciego de Ávila, em hospital pediátrico para tratar casos mais leves da Covid-19. Uma escola militar e outro hotel estão recebendo adultos e grávidas com menos de 25 semanas de gestação.
O ministro da saúde, José Ángel Portal Miranda, afirmou que a situação local requer colocar os pacientes em centros assistenciais em vez de isolamento domiciliar para evitar contágio entre pessoas que moram juntas. A província também vai receber auxílio que está vindo da China, como 400 camas com colchões.
A oposição denuncia falta de leitos em hospitais. Henry Couto Guzmán, ativista da União Patriótica de Cuba (Unpacu) na cidade de Guantánamo que está internado desde 30 de julho, contou à Rádio Martí que teve que ficar dois dias nos corredores de um hospital da cidade devido à falta de leitos.
"Não tinha leito e fiquei dois dias nos corredores do hospital. Pessoas estão morrendo por falta de oxigênio e de remédios, eu sou uma testemunha disso", disse o ativista.
OPS diz que situação é preocupante
O diretor de Emergências de Saúde da Organização Pan-americana de Saúde (OPS), Ciro Ugarte, atribuiu o aumento de casos na ilha à propagação da variante Delta do Sars-CoV-2 e alertou que a situação da pandemia de Covid-19 em Cuba "continua sendo preocupante".
"A situação é complicada em Cuba. Isso se deve à variante Delta, que tem sido denunciada pelas autoridades em várias partes do país e ainda há uma quantidade significativa de população suscetível", explicou.
Ele também citou as enormes filas para comprar alimentos e o esgotamento da população em relação às medidas sanitárias como possíveis complicadores da crise sanitária.
Mesmo em meio à crise sanitária, o Partido Comunista de Cuba realizou uma marcha em apoio à revolução cubana nesta quinta-feira (5). De acordo com a agência EFE, centenas de cubanos participaram do evento na região do Malecón, em Havana.
Vacinas
Em territórios de risco, incluindo a capital Havana, estão realizando um estudo de intervenção sanitária com Abdala e Soberana 02, as duas vacinas mais avançadas das cinco desenvolvidas por Cuba.
Cuba alega eficácia de 92,2% em ensaios clínicos para a Abdala, que já possui autorização para uso emergencial.
A Soberana 02, por sua vez, ainda aguarda a mesma autorização após apresentar eficácia de 91,2% com um esquema de duas doses dessa fórmula e uma dose extra de Soberana Plus, outro dos compostos que estão sendo pesquisados por cientistas cubanos.
Mais de 3 milhões de cubanos receberam pelo menos uma dose dessas fórmulas como parte de ensaios clínicos e estudos de intervenção desenvolvidos paralelamente ao de saúde, segundo dados oficiais
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