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Cuba confirmou nesta segunda-feira (27) que as eleições realizadas ontem tiveram a menor participação popular entre todos os pleitos parlamentares realizados no país desde a revolução de 1959.
Em entrevista coletiva, Alina Balseiro, presidente do Conselho Eleitoral Nacional (CEN), informou, com base em dados preliminares, que 75,92% dos mais de 8,1 milhões de cubanos convocados para ir às urnas votaram no domingo.
Esta taxa de participação é quase dez pontos percentuais inferior à das eleições parlamentares de 2018, um processo que renovou o Parlamento que elegeu o atual ditador, Miguel Díaz-Canel, que na ocasião sucedeu Raúl Castro (2008-2018).
Embora esta seja uma porcentagem muito alta em qualquer outro país do hemisfério ocidental, o número é consideravelmente inferior à média histórica em Cuba antes de 2018, sempre acima de 90%.
Entretanto, a participação foi maior do que nas duas eleições realizadas no ano passado — o referendo sobre o Código das Famílias, em setembro, e o pleito municipal, em novembro.
Balseiro acrescentou que 90,28% dos votos contabilizados ontem foram válidos, 6,22% estavam em branco e 3,50% foram anulados.
Ela também destacou que todos os candidatos que vão ocupar os 470 assentos do Parlamento — a grande maioria militante do Partido Comunista ou de organizações relacionadas — superaram a cláusula de barreira de 50% dos votos e, portanto, foram eleitos.
A presidente do SEN observou que o processo foi realizado "sem incidentes e legalmente", um cenário muito diferente do que foi denunciado por ONGs e dissidentes dentro e fora da ilha.
Após as eleições de domingo, três ONGs independentes de observação eleitoral — não havia observadores internacionais em Cuba — descreveram as eleições como as "mais irregulares" do país desde 1976 e consideraram que a "vontade" do povo não foi respeitada.