O governo de Cuba se prepara para autorizar a saída de dezenas de opositores políticos nas próximas semanas, afirmou ontem o presidente da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, Elizardo Sánchez.
O opositor cubano, de 68 anos, está em Genebra para acompanhar uma avaliação da ONU sobre os direitos humanos em Cuba. Uma delegação oficial de Havana também participa da discussão.
Sánchez foi o 19º dissidente a receber autorização para sair do país desde janeiro, quando o governo cubano flexibilizou a lei sobre as viagens dos cidadãos ao exterior.
Sánchez disse que a decisão do governo de permitir viagens a outros países não deve ser interpretada como um sinal de abertura política, mas como o resultado de um cuidadoso "cálculo custo-benefício".
"O cálculo é fácil para um governo tão antigo. Eles sabem o que os opositores vão dizer, mas tudo ficará no exterior. Em Cuba, onde o governo é dono de todos os meios de comunicação, as pessoas seguirão sem saber de nada, já que não têm acesso à internet e nem às emissoras internacionais", disse. Sánchez, que afirmou ter ficado preso por quase 12 anos por motivos políticos, não tinha autorização para sair da ilha há mais de uma década. Segundo ele, há cerca de 92 dissidentes políticos presos em Cuba.
Questionado sobre o risco de ser vítima de represálias ao retornar a Cuba, Sánchez admitiu ter esse medo, mas lembrou que isso não impediu que o movimento de defensores dos direitos humanos crescesse no país.
O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, disse que a nova lei sobre as viagens ajudou a melhorar as relações entre os cubanos na ilha e no exterior. Durante a reunião, o Reino Unido, Espanha e França fizeram apelos para o país permitir a liberdade de expressão.
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