Fidel e Che aparecem em reflexo durante parada de maio, que celebrou a revolução em Havana| Foto: Reuters/Desmond Boylan

O governo de Cuba anunciou nesta sexta-feira que vai eliminar o atrelamento da moeda local ao dólar, como parte de um movimento para encerrar o sistema de duas moedas na ilha, que para muitos cubanos se tornou símbolo da desigualdade econômica no país.

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Atualmente os turistas que visitam a ilha usam um peso cubano conversível, que vale praticamente a mesma coisa que o dólar, enquanto a maioria dos nativos é paga com pesos comuns, que valem apenas 4 centavos de dólar. Muitos produtos são mais fáceis de encontrar em lojas estatais que aceitam somente os pesos conversíveis, um sistema desenhado para manter o fluxo dessa moeda especial sob controle do governo.

O sistema criou privilégios para cubanos que trabalham com turismo, gerando ressentimento no restante da população. O governo do presidente Raúl Castro prometeu em outubro unificar gradualmente as duas moedas, para evitar problemas como um salto na inflação. Muitos economistas disseram na ocasião que o processo levaria anos.

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Mas, nesta sexta-feira, o vice-presidente cubano, Marino Murillo, disse no Parlamento que o peso conversível, conhecido como CUC, vai eventualmente desaparecer. Mesmo assim, ele prometeu que as poupanças nessa moeda vão manter seu valor até que a mudança ocorra. "Pessoas que possuem o peso cubano conversível (CUC), seja em bancos ou em casa, não vão perder nenhuma capacidade financeira quando o sistema de moedas duplas for eliminado", garantiu, sem afirmar quando a mudança ocorrerá.

Resquício

O sistema cambial cubano foi criado em 1994, em meio a uma crise econômica causada pela queda da União Soviética, que por décadas destinou pesados subsídios para a ilha. Esse esquema permite que Cuba receba moeda forte, necessária para poder realizar comércio com outros países, ao mesmo tempo em que isola o restante da economia cubana das influências de mercado.