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Embargo

Cubanos aceitam falar sobre imigração

Cuba aceitou a proposta dos Estados Unidos de reabrir as negociações bilaterais sobre imigração, informou ontem um funcionário sênior do Departamento de Estado americano, cujo nome não foi revelado, a jornais do país e agências internacionais de notícias.

O novo sinal de distensão entre os dois países ocorre às vésperas da Assembleia-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), entre amanhã e quarta-feira, em Honduras, onde a questão cubana estará no centro dos debates – diferentes países pressionam os EUA para que seja anulada a resolução que suspendeu a ilha do órgão, em 1962.

O chefe da Seção de Interesses de Havana em Washington, Jorge Bolaños, entregou no sabado um comunicado diplomático a funcionários do Departamento de Estado americano, dizendo que Cuba espera "reiniciar as conversas sobre imigração’’ (suspensas desde 2004) e, além disso, sobre serviços postais diretos entre os países, sobre cooperação em contraterrorismo e combate às drogas e sobre preparação e resposta a tragédias naturais, segundo o funcionário sênior do órgão disse à imprensa.

Os dois países – que ensaiam formas de reaproximação desde a posse de Barack Obama nos EUA – ainda têm de decidir onde e quando ocorrerão as negociações sobre a imigração – tema crucial para ambos, considerando que milhares de cubanos migram anualmente para os EUA de forma ilegal. E a correspondência postal entre EUA e Cuba é feita há décadas pelo intermédio de outros países. Relatos apontam que as correspondências levam semanas para chegar ao destino e às vezes não chegam.

O funcionário do Departamento de Estado, que falou à imprensa pouco antes da partida da chanceler Hillary Clinton para El Salvador e Honduras, disse que a iniciativa cubana foi vista como "um passo à frente muito positivo’’ e que o diálogo mútuo se estenderá mais "à medida que haja mudanças em relação aos direitos humanos e à democracia’’ em Cuba.

Histórico

As conversas bilaterais sobre imigração começaram no governo Bill Clinton (1993-2001), para evitar que milhares de cubanos se lançassem ao mar do Caribe na tentativa de chegar à Flórida, como ocorreu principalmente em 1980 e em 1994. Em 1995, um acordo estabeleceu que os EUA fariam a repatriação à ilha de cubanos interceptados no mar. Os EUA também concordaram então em oferecer ao menos 20 mil vistos a cubanos anualmente.

Durante o governo George W. Bush (2001-2009), essas negociações foram suspensas, como parte da política de isolamento da ilha e do endurecimento do embargo.

No governo Obama, os EUA já levantaram as restrições a viagens de cubanos-americanos e à transferência de dinheiro e outros produtos à ilha. O embargo econômico, que já dura 47 anos, permanece vigente.

Washington, cobrou um "gesto de boa-f钒 de Cuba, que não veio, ainda que o dirigente máximo da ilha, Raúl Castro, tenha se disposto a discutir "tudo’’ que não comprometa a "soberania’’ cubana.

Washington havia proposto há dez dias o diálogo sobre questões imigratórias. O tema, no entanto, causa suscetibilidades políticas. Representantes da Flórida no Congresso condenaram a iniciativa de Obama como "uma concessão unilateral à ditadura’’. Em contrapartida, a tradicional Fundação Nacional Cubano-Americana (FNCA), organização anticastrista que agora defende o diálogo com o regime, aplaudiu a proposta.

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Interatividade

Os países latino-americanos estão certos em pressionar os EUA a acabarem com o embargo econômico contra Cuba?

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