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Milhares de cubanos saíram às ruas de Havana neste domingo (11) para pedir liberdade em manifestações pacíficas que foram interceptadas pelas forças de segurança e apoiadores do governo, originando confrontos violentos e prisões.
Os distúrbios entre manifestantes e militantes do governo ocorreram no Parque da Fraternidade, onde mais de mil pessoas se reuniram diante da forte presença de militares e policiais, muitas foram detidas.
No entanto, parte dos manifestantes conseguiu escapar do cordão policial e avançou em massa ao longo da avenida Paseo del Prado em direção ao Malecón aos gritos de "liberdade", "pátria e vida" e "abaixo a ditadura".
Houve também grupos organizados de apoiadores do governo, que gritaram "Eu sou Fidel" ou "Canel, meu amigo, o povo está contigo", em alusão ao mandatário Miguel Díaz-Canel.
Maior protesto em 27 anos
O evento pode fazer história, já que é a primeira vez que um grande grupo de cubanos sai às ruas de Havana para protestar contra o governo desde o famoso "Maleconazo" de 1994, no meio da crise econômica do chamado "Período Especial".
A prova da gravidade da situação é que as autoridades cortaram o serviço de internet móvel em todo o país, presumivelmente para impedir a divulgação de vídeos dos protestos e reduzir a capacidade de reunião dos participantes.
A manifestação em Havana surge após uma onda de protestos espontâneos neste domingo em diferentes partes do país, o primeiro deles em San Antonio de los Baños, onde uma pessoas tomaram as ruas para exigir liberdade e criticar o governo pela escassez de comida, medicamentos e os contínuos apagões sofridos pelo município, que fica 30 quilômetros a leste da capital.
A manifestação em San Antonio, duramente reprimida pela polícia segundo testemunhas disseram à Agência Efe, foi transmitida ao vivo no Facebook até a internet ser cortada, o que possivelmente motivou atos semelhantes em outras localidades como Güira de Melena e Alquízar (oeste), Palma Soriano (leste), Cienfuegos (centro) e Havana.
Díaz-Canel culpa os EUA
As manifestações surgiram em um momento de grave crise em Cuba, que sofre uma preocupante escassez de medicamentos e produtos básicos e também atravessa a terceira e pior onda de Covid-19, com taxas de contágio extremamente elevadas nas regiões mais afetadas.
O mandatário cubano, Miguel Díaz-Canel, apareceu neste domingo em duas ocasiões. Primeiro, foi a San Antonio de los Baños, onde, acompanhado por um grupo de apoiadores e forças de segurança, acusou "mercenários pagos pelo governo dos EUA" de organizarem os protestos.
Mais tarde, falou ao vivo na televisão estatal, na qual pediu para que seus apoiadores estejam prontos para o "combate", em resposta aos protestos contra o governo.
Lojas estatais sofrem saques
Também foi noticiado que várias das lojas estatais que vendem comida e produtos básicos em moeda estrangeira foram saqueadas neste domingo (11), em meio à inédita onda de protestos contra o governo de Cuba.