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Estado crítico

Cubanos seguem saúde de Fidel pela TV de Miami

Quase seis meses depois de Fidel Castro desaparecer abruptamente de suas vidas, os cubanos se informam da saúde do líder sintonizando clandestinamente a TV por satélite de Miami.

Segundo o jornal El País, Fidel tem diverticulite e seu prognóstico é ``muito grave''. A notícia chegou prontamente à ilha por meio das antenas parabólicas clandestinas. ``Ontem à noite estava vendo a novela na antena e de repente entraram com as notícias sobre Fidel. Fiquei surpresa, porque aqui continuam sem nos dizer nada'', disse uma dona-de-casa de Havana. ``No dia em que Fidel morrer, seremos os últimos a saber''.

Apesar de ilegais, calcula-se que existam 10 mil parabólicas na ilha, às vezes escondidas em lugares tão insólitos como um tanque de água. É comum que um assinante redistribua o sinal a centenas de vizinhos por cerca de dez dólares mensais.

A saúde de Fidel é tratada como segredo de Estado, por ordem dele mesmo, devido à ameaça do ``império'' norte-americano. O governo cubano afirma que seu líder foi alvo de 637 tentativas de assassinato, muitas delas tramadas pela CIA.

Diante da falta de informações oficiais, os cubanos enchem o vazio com rumores. Um dos mais recorrentes é de que Fidel tem câncer e não aparece mais em público porque a quimioterapia o fez perder sua célebre barba.

O médico espanhol José Luis García Sabrido, que visitou Fidel em fevereiro, negou que ele tenha câncer e afirmou que pode se recuperar. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse ter conversado com Fidel ``há oito ou dez dias'', e garantiu que seu estado ``não é grave''.

Outro rumor é de que os médicos de Fidel estão há meses isolados ou que teriam sido demitidos.

A forma como as autoridades lidam com o assunto surpreende especialistas em controle de crises, como Tony Moore, da Universidade de Cranfield, na Grã-Bretanha.

``Em termos de manejo midiático de situações de crise, a primeira lição é que, se você não informar regularmente, os meios obterão a informação por outras fontes, nem sempre confiáveis'', afirmou ele recentemente à Reuters.

Durante seus 48 anos no poder, Fidel jamais abandonou seus hábitos de quando era guerrilheiro na serra Maestra. Ninguém sabe onde vive, sua vida familiar é um segredo, e até cinco meses e meio atrás se deslocava em uma caravana de três Mercedes pretas. Suas viagens ao exterior só eram anunciadas quando ele pousava no destino.

``A maioria das pessoas gosta de Fidel. É como um ídolo, um deus protetor'', disse Rafael, um autônomo que não quis dizer o sobrenome.

``As pessoas acham que Fidel é imortal. A idéia de que um dia não estará faz com que se tenha medo, sobre tudo pelos 'de lá'. Você sabe como são os norte-americanos...''

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