O novo governo de centro-direita de Portugal, liderado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, disse nesta quinta-feira (2) que as finanças públicas estão piores do que se pensava e culpou o governo anterior por isso, que tinha à frente o socialista António Costa.
"Na reunião do Conselho de Ministros, foi discutida a situação orçamentária e financeira, e foram detectadas uma série de situações preocupantes que o dever de transparência exige que compartilhemos com os portugueses", declarou o ministro da Presidência, António Leitão, em entrevista coletiva após a reunião semanal do Executivo.
Leitão esteve acompanhado pelo ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, que destacou que o "caos" que o país vive em muitos serviços públicos é agravado pelo fato de as contas públicas "serem muito piores" do que as anunciadas pelo governo socialista anterior.
O ministro das Finanças explicou que, depois de analisar a situação do orçamento para o primeiro trimestre de 2024, o novo governo viu que passou de um superávit de 1,2 bilhão de euros em janeiro para um superávit de 800 milhões de euros em fevereiro e um déficit, "agora", de quase 300 milhões de euros.
Ele afirmou que a esses 300 milhões de euros deve ser adicionado o mesmo valor em "dívidas com fornecedores" entre janeiro e março que ainda não foram pagas, de modo que, no total, haveria um déficit em março de 600 milhões de euros, de acordo com suas contas.
Miranda Sarmento explicou que isso se deve ao aumento dos gastos e às medidas adotadas pelo governo anterior nos últimos meses, "algumas delas após as eleições de 10 de março".
Ele alegou que até 31 de março, quando Costa ainda estava no poder, o governo socialista "comprometeu uma parte substancial" das reservas do Ministério das Finanças, que, segundo Miranda Sarmento, são normalmente usadas a partir do verão para lidar com "situações inesperadas ou despesas imprevistas".
Das duas reservas do Ministério, ainda de acordo com o ministro, uma dispunha de 500 milhões de euros e atualmente conta com 260 milhões, já que o restante foi gasto nos três primeiros meses do ano.
Apesar dessa situação, Miranda Sarmento garantiu que o governo trabalhará para "manter e cumprir" seu programa eleitoral.
A reação dos socialistas não demorou a chegar. O ex-ministro das Finanças antecessor de Miranda Sarmento, Fernando Medina, negou que o país tenha um déficit orçamentário e acusou o atual ministro de "inépcia técnica" ou "falsidade política".
Medina, que agora é deputado, disse a jornalistas que, em um cenário de políticas "inalteradas", Portugal registrará um superávit orçamentário de 0,7% no final do ano, de acordo com suas estimativas. (Com Agência EFE)
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