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Lima receberá na segunda e terça-feira representantes de 59 países para discutir estratégias contra o narcotráfico em uma região onde se encontram os maiores produtores mundiais de cocaína e onde ganha força o debate sobre a legalização como alternativa ao combate frontal.

A reunião no Peru será realizada em um momento em que cresce a demanda de vários governos da América Latina por uma reforma integral da estratégia contra as drogas que os Estados Unidos incentivam há duas décadas, priorizando a repressão.

O presidente peruano Ollanta Humala inaugurará a reunião, que acontecerá a portas fechadas em um exclusivo hotel de Lima com a presença de chanceleres e delegações de 59 países dos cinco continentes e de representantes de 10 organismos internacionais.

A chefe antidrogas do Peru, Carmen Masías, chefe da Comissão para o Desenvolvimento e Vida sem Drogas, afirmou que a conferência abordará a redução do consumo ilegal de drogas e a responsabilidade dos países produtores e consumidores.

Uma declaração final está prevista para o encerramento na terça-feira, com base em um rascunho preparado pela parte peruana.

"Pude revisar a proposta dessa declaração, que foi objeto de negociação, com 17 pontos formais, simbólicos, sem nenhum conteúdo de revisão dos resultados da guerra contra as drogas", afirmou Ricardo Soberón, chefe antidrogas nos primeiros meses do governo de Humala.

O hermetismo caracteriza a organização do evento, a cargo do governo peruano, de forma que a menos de 24 horas do início do encontro não foi informado à imprensa quem seriam os chanceleres ou delegados presentes.

O secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, participará na terça-feira de uma reunião de consulta com os chanceleres e chefes de escritórios antidrogas dos países membros do organismo hemisférico.

Washington anunciou que será representado pelos principais funcionários encarregados da luta contra as drogas dos Estados Unidos, como o encarregado antidrogas do Departamento de Estado, William Brownfield, e o diretor do Escritório de Controle Antinarcóticos, Gil Kerlikowske.

A legalização de drogas estará presente no debate, já que ainda repercute a proposta do Uruguai de aprovar uma lei sobre a produção e distribuição de maconha sob controle estatal para tirar do poder dos traficantes a pasta básica de cocaína, droga barata, mas devastadora.

A eventual legalização da maconha gerou uma polêmica na América Latina onde os países estão divididos sobre essa postura: alguns pedem a reforma da estratégia e outros se opõem a isso, alinhados com os Estados Unidos.

Segundo Soberón o cenário "é muito tumultuado, com países que querem a reforma; como México, Colômbia e Guatemala; Argentina e Uruguai estão mudando sua legislação, Equador e Venezuela modificaram sua legislação penal por completo".

O Peru caminha "contra a corrente das tendências hemisféricas que pedem a avaliação dos resultados da guerra antidrogas, que provocaram muitas mortes na região", acrescentou Soberón.

Durante a cúpula, a agência antidrogas dos Estados Unidos apresentaria um relatório que colocaria o Peru como primeiro produtor de cocaína, disse Hugo Cabieses, ex vice-ministro do Ambiente e especialista em drogas.

O Peru está no topo da lista de países produtores de cocaína inclusive para o organismo das Nações Unidas sobre drogas, que junto com o Departamento de Estado dos Estados Unidos, estimam que sua produção anual de cocaína seja de 320 toneladas. Esse cálculo é colocado em dúvida por Soberón, para quem o número variaria entre 150 e 200 toneladas anuais.

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