Banner da 5ª Cúpula das Américas anuncia a chegada do evento que tem abertura oficial nesta sexta em Trinidad e Tobago| Foto: Mauricio Duenas / AFP Photo

A 5ª Cúpula das Américas começa nesta quinta-feira (16), em Port of Spain, capital de Trinidad e Tobago, com a presença confirmada de 34 chefes de Estado e de Governo do continente. A expectativa das delegações que já chegaram à capital é que o evento sirva como instrumento de pressão sobre o presidente norte-americano, Barack Obama, tanto pelos efeitos da crise sobre a América Latina como pelo bloqueio dos Estados Unidos à ilha de Cuba.

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Trinidad e Tobago são duas ilhas, encravadas no mar do Caribe, próximas à Venezuela. O país de um milhão e 300 mil habitantes, rico em petróleo e de língua inglesa, montou uma verdadeira operação de guerra para a Cúpulas das Américas.

O milionário investimento para ampliar a infraestrutura da cidade não foi suficiente para abrigar tantos convidados. Dois transatlânticos, que somam habitações para cerca de dez mil hóspedes, estão atracados a menos de um quilômetro do hotel Hyatt, sede dos principais eventos ligados à Cúpula. E um forte esquema de segurança, reforçado a partir desta quinta pelo comboio de apoio ao presidente Obama, dificulta ainda mais o já caótico trânsito da cidade.

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A pressão política sobre o primeiro presidente negro dos Estados Unidos não virá somente das autoridades latino-americanas. Gente como Edmond Arttr, montador de estruturas móveis, quer que a cúpula avance sobre um dos principais sintomas da crise no país: a inflação no preço dos alimentos. "O preço não pára de subir. Arroz, feijão, milho, leite e açúcar... todos estão com os preços nas nuvens", afirmou.

O porta-voz do governo da Guatemala, Fernando Santa Cruz, garantiu que não há dúvida de que todos os governantes devem concentrar munição sobre os efeitos da crise, sem contar a pressão para que os Estados Unidos suspendam o bloqueio a Cuba.

"Os presidentes não devem se intimidar pela presença do presidente Obama. Nós não podemos continuar sofrendo e sermos os mais afetados pelas consequências dessa crise provocada pelos países desenvolvidos. Quanto a Cuba, parece lógico que os Estados Unidos devem rever sua posição, já que é praticamente unânime o apoio do continente à ilha", disse o guatemalteco.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega à cúpula na tarde desta sexta-feira (17). A principal atividade dele está prevista para sábado (18) pela manhã, quando participará de encontro com os presidentes Barack Obama e dos 12 países que integram a União das Nações Sulamericanas (Unasul). Em debate, a crise mundial, o protecionismo comercial, as desgastadas relações dos EUA com a América Latina e o embargo cubano.

Para o embaixador do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), Osmar Chohfi, a reunião da Unasul, marcada a pedido de Obama, reforçará o sinal de novos tempos nas relações entre os EUA e o resto do continente, apesar da ameaça de discursos inflamados dos presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Evo Morales, da Bolívia.

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"É óbvio que essa cúpula proporciona uma nova oportunidade de diálogo, e eu acho que o presidente Obama não vai se constranger. Vai ser um diálogo firme, mas será um diálogo respeitoso. Eu acho que haverá o reconhecimento por parte deles que hoje nós temos uma região, que busca a consolidação da sua democracia através de caminhos que são decididos nacionalmente. Na verdade, eu creio que é uma demonstração da riqueza das instituições da nossa região. E não creio que haja qualquer diálogo que possa constranger qualquer um dos chefes de Estado presentes", disse o embaixador.

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