O encontro mundial do Movimento dos Países Não-Alinhados (NOAL), realizado em Cuba, terminou na madrugada deste domingo com a aprovação de cinco documentos contendo duras críticas aos Estados Unidos. A cúpula, que reuniu dois terços das nações mundiais, elaborou um documento em que chama os Estados Unidos de "polícia mundial".
Os 50 chefes de Estado e de governo dos 116 países que participaram do encontro criticaram, entre outras coisas, o fato de os americanos manterem uma base naval em Cuba e reconheceram o direito de nações independentes investirem em programas nucleares com fins pacíficos - citando o Irã entre deles.
Em um dos documentos assinados durante o encontro, o governo de Cuba, representado pelo irmão do líder Fidel Castro, Raúl Castro, diz que conseguiu ressuscitar o movimento ao reunir países do Terceiro Mundo "contra a potência americana". No documento, os líderes presentes no evento afirmam que "com os EUA no papel de única superpotência, o mundo está mais injusto e instável do que nunca".
O líder cubano Fidel Castro - que neste domingo recebeu a visita de Evo Morales, Hugo Chávez e Abdullah Ahmad Badawi - não compareceu ao encontro já que está internado desde o dia 31 de julho, para se recuperar de uma cirurgia no intestino. Castro foi representado pelo irmão Raúl Castro, que ficou responsável pelos discursos de abertura e de encerramento do encontro.
O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Felipe Pérez Roque, informou também que foi incluída uma moção favorável às medidas tomadas pela Bolívia para nacionalizar o setor petrolífero do país, foco das mais recentes discussões com o Brasil - debate que impulsionou o pedido de demissão do ex-ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Andrés Soliz Rada.
O presidente boliviano Evo Morales agradeceu o apoio dos líderes de Terceiro Mundo, mas na saída do evento evitou falar com a imprensa sobre as divergências com o Brasil.
A partir desta edição, em Cuba, a Malásia passa ao país caribenho a responsabilidade de presidir o movimento pelos próximos três anos. Os cubanos querem reativar o movimento criado há mais de 40 anos e que perdeu importância com o fim da Guerra Fria.
"A paz e a segurança mundiais continuam como ilusões para a humanidade, entre outras coisas, por causa do aumento da tendência que certas nações têm de optar pelo unilateralismo", informa um dos textos de mais de 100 páginas.
O primeiro-ministro da Malásia, Abdullah Ahmad Badawi, que nos últimos três anos presidiu a Cúpula, negou que o encontro dos Não-Alinhados tenha sido um fórum contra os Estados Unidos.
- O Movimento dos Países Não-Alinhados não foi criado contra nenhuma nação em particular (...). É apenas a maior plataforma política fora das Nações Unidas - disse em coletiva de imprensa.