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O presidente da Síria, Bashar al-Assad, concedeu nesta quinta cidadania aos curdos, que são maioria no nordeste do país, informou a agência estatal Sana. O grupo étnico tinha sua cidadania negada há quase cinco décadas. A medida dividiu líderes curdos.

"O presidente Assad emitiu um decreto garantindo cidadania síria árabe ao povo registrado como estrangeiro na região de Al-Hassaka", afirmou a agência. A medida beneficia mais de 300 mil curdos, que vivem perto das fronteiras com a Turquia e o Iraque. Desde 1962, os curdos sírios eram classificados como "forasteiros" pelos censos.

Muitos curdos na Síria comemoraram a decisão. Omar Osso, chefe da Iniciativa nacional Curda, disse que a medida irá "fortalecer a unidade" do povo sírio. "Esse é um passo histórico com dimensões humanitárias e sociais", afirmou.

Mas Khalil Hassan, um ativista curdo sírio que vive no exílio, em Beirute (Líbano), disse que a medida anunciada hoje é uma "comédia". "Essas medidas seriam bem-vindas se tivessem sido tomadas há vários anos. Agora, elas apenas mostram que o regime sírio está entrando em colapso", disse. "O que é a cidadania se uma pessoa não tem dignidade?", questionou.

"Todas essas decisões são cosméticas e não tocam o centro dos problemas", disse Haitham al-Maleh, um líder da oposição. Advogado de 80 anos e ativista que passou vários anos na prisão, ele disse que os protestos que começaram na Síria irão continuar "como uma bola de neve até que as mudanças aconteçam".

Sem a cidadania, os curdos não podiam legalmente trabalhar em empregos públicos, votar em eleições locais e se casar com sírios não curdos, fora da província de Al-Hassaka, onde formam grande parte da população.

Em 1962, quando representavam 10% da população da Síria, os curdos perderam a cidadania, após um controverso censo, como lembram grupos pelos direitos humanos. A medida decretada por Assad é mais uma abertura política, atendendo a um pedido antigo dos curdos, no momento em que o governo enfrenta uma onda de protestos nas últimas três semanas.

Seis grupos sírios de defesa dos direitos humanos disseram ontem que o governo ordenou a libertação de 48 curdos detidos no ano passado na cidade de Raqqah. Os curdos celebravam o ano novo persa, o Nowruz, que é tradição entre os povos no Irã, Azerbaijão, Afeganistão e entre populações curdas. Policias pediram que eles substituíssem bandeiras curdas por bandeiras sírias e foram apedrejados.

Governador

O presidente da Síria também demitiu hoje o governador de Homs, Mohammad Yiyad Ghaza, atendendo a um pedido dos moradores da cidade, a terceira maior do país. Na semana passada, a polícia atirou em manifestantes que protestavam em uma avenida de Homs, matando uma menina. Algumas semanas atrás Assad já havia substituído o governador da província de Deraa, onde a repressão deixou dezenas de manifestantes mortos.

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