O líder espiritual tibetano, o Dalai Lama, que vive no exílio, enviou congratulações ao dissidente chinês Liu Xiaobo por ter recebido o Prêmio Nobel da Paz nesta sexta-feira, e pediu ao governo da China que o liberte da prisão junto com outros ativistas.
"Conceder o Prêmio Nobel a ele é o reconhecimento da comunidade internacional às crescentes vozes entre o povo chinês cobrando reformas constitucionais nas áreas legal e política da China", escreveu o Dalai Lama em comunicado publicado em seu site na Internet.
"Eu tenho sido pessoalmente encorajado pelos esforços de centenas de cidadãos e intelectuais chineses, incluindo o senhor Liu Xiaobo, preocupados em assinar a Carta 08, que pede por democracia e liberdade na China."
Liu ajudou a organizar a "Carta 08", um movimento que pede reformas políticas e teve como modelo a Carta 77, que se tornou um chamado a uma manifestação pelos direitos humanos na comunista Checoslováquia em 1977.
"Eu acredito que nos anos à frente, as gerações de chineses poderão aproveitar os frutos desses esforços que os atuais cidadãos chineses estão fazendo em busca de uma governança responsável", acrescentou o Dalai Lama.
"Gostaria de aproveitar esta oportunidade para renovar meu pedido ao governo da China de que liberte o senhor Liu Xiaobo e outros prisioneiros de consciência que estão detidos por exercer sua liberdade de expressão", disse.
O governo chinês ficou furioso quando o Dalai Lama recebeu o Nobel da Paz em 1989, o ano da violenta repressão contra manifestantes pró-democracia na Praça da Paz Celestial.
A China acusa o Dalai Lama de incitar uma violenta campanha pelo separatismo do Tibete. Ele nega as acusações chinesas, e afirma que apenas busca uma maior autonomia para a região através de métodos totalmente pacíficos.
Tropas comunistas chinesas invadiram o Tibete em 1950. O Dalai Lama fugiu em 1959 após uma tentativa fracassado contra o regime chinês, e desde então vive no exílio.