Pequim - O dalai-lama anunciou ontem que deixará o comando político do governo tibetano no exílio, com sede na Índia. Aos 76 anos, o ganhador do Nobel da Paz em 1989, porém, continuará como líder religioso budista.
"Desde os anos 1960 tenho enfatizado repetidamente que os tibetanos precisam de um líder eleito livremente pelos tibetanos, a quem eu possa devolver o poder, disse dalai-lama, em Dharmsala (Índia), em discurso para celebrar o aniversário do fracassado levante de 1959. "Agora, claramente alcançamos a hora de colocar isso em prática, afirmou.
"O meu desejo de devolver a autoridade não tem nada a ver com o desejo de me esquivar da responsabilidade. É para beneficiar os tibetanos no longo prazo. Não é porque eu me sinto desmotivado.
Nos últimos meses, o dalai-lama vinha sinalizando o desejo de se afastar da esfera política, mas outras lideranças tibetanas têm pedido pela sua continuidade.
Eles temem uma fragmentação do movimento, que prega uma autonomia de fato com relação a Pequim, acusada de governar o Tibete com punho de ferro.
"Milhares de pedidos [contra a sua saída] têm chegado, mas ele não os aceita, disse o premiê (kalon tripa), Samdhong Rinpoche.
O anúncio foi recebido com ceticismo pelo governo chinês, que o acusa de trabalhar para a independência do Tibete. "Nos últimos anos, ele tem alegado que quer se aposentar, mas acho que ele está enganando a comunidade internacional, disse, em Pequim, a porta-voz da Chancelaria, Jiang Yu.
Os assuntos políticos ficarão com o novo kalon tripa, que será escolhido no próximo dia 20, em votação direta da comunidade no exílio. O favorito é o professor de Direito da Universidade Harvard Lobsang Sangay, 42 anos.
O cargo foi criado em 2001, mas até agora era esvaziado pelo dalai-lama, que tem a palavra final nas decisões do Parlamento, instalado em Dharmsala há meio século.
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