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Síria

Damasco acusa Ocidente de manipular diálogo de paz

O Ministério das Relações Exteriores da Síria acusou nesta terça-feira (17) Estados Unidos, Reino Unido e França de manipular o diálogo entre a população do país árabe para defender os próprios interesses. A crítica foi feita em uma nota que condenou o encontro entre representantes dos três países.

O regime de Bashar al-Assad é acusado de ter realizado um ataque químico contra civis em uma área dominada por rebeldes na periferia de Damasco, em 21 de agosto. Segundo Washington, mais de 1.400 pessoas morreram, sendo 400 crianças.

Ontem, os chanceleres da França, Laurent Fabius, e do Reino Unido, William Hague, se encontraram com o secretário de Estado americano, John Kerry. Em nota conjunta, os três advertiram que o desarmamento a ser realizado por Damasco deve ser feito de forma séria, caso contrário farão uma intervenção militar.

Em comunicado, a Chancelaria síria disse que o encontro revela a realidade dos objetivos desses países e "suas tentativas de antecipar os resultados de um diálogo entre os sírios para impor sua vontade". Para Damasco, diálogos sobre a legitimidade política e constitucional são um direito exclusivo da população síria.

O regime sírio acusa os ministros de "tentarem fazer propaganda de suas posturas contraditórias e pactuar seus argumentos de apoio a uma solução política, o que confirma seu envolvimento na crise síria e suas tentativas de impor suas agendas e vontades ao povo". Na nota, o governo do país árabe voltou a condenar o envolvimento ocidental no apoio aos rebeldes, dizendo que esse respaldo aumenta a violência, e os acusou de apoiar grupos terroristas, como a Frente al-Nusra, vinculada à Al Qaeda.

Ataque químico

O comunicado do regime sírio sai um dia após um relatório da ONU confirmar o uso de gás sarin no ataque químico de 21 de agosto. O documento, no entanto, não especifica quem foi o autor do bombardeio, devido ao impedimento provocado pela resolução que aprovou a visita dos inspetores das Nações Unidas.

Hoje, os chanceleres da França, Laurent Fabius, e da Rússia, Sergei Lavrov, discordaram ao comentar sobre o relatório. Para Moscou, o documento da ONU não esclarece todas as dúvidas sobre a ação e mantém a suspeita de que o ataque tenha sido uma provocação dos rebeldes.

O francês Fabius afirmou após o mesmo encontro em Moscou: "Quando você olha para a quantidade utilizada de gás sarin, os vetores, as técnicas por trás do ataque, bem como outros aspectos, parece não haver dúvida de que o regime (Assad) está por trás."

A dúvida aumenta o impasse na aprovação de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU exigindo a entrega do arsenal químico de Assad. Enquanto Rússia e China não desejam impor condições ao regime sírio, Estados Unidos, França e Reino Unido defendem que Assad seja ameaçado com uma intervenção.

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