O jovem empresário Daniel Noboa, de 35 anos, está a um passo de se tornar o próximo presidente do Equador. Mas, para isso acontecer, ele precisa desbancar a candidata de esquerda Luisa González, apoiada pelo ex-presidente socialista Rafael Correa, que venceu o primeiro turno eleitoral nesse domingo (20), com 33% dos votos.
Filho do magnata Álvaro Noboa, que concorreu às eleições presidenciais do país em cinco oportunidades, e da deputada Anabella Azín, Daniel foi considerado um dos últimos colocados nas pesquisas de opinião até esse final de semana. Com isso, o candidato do partido Ação Democrática Nacional (ADN) surpreendeu ao receber o apoio de cerca de 24% do eleitorado equatoriano e disputar o segundo turno, que acontece no dia 15 de outubro.
Nascido na cidade de Guayaquil, o empresário é formado em Administração de Empresas pela Universidade de Nova York e possui especialização em outras instituições dos Estados Unidos, incluindo um mestrado em administração pública na Universidade de Harvard.
Em 2005, aos 18 anos, fundou uma empresa de eventos chamada DNA Entertainment Group. Cinco anos depois, se dedicou à empresa do pai, a Corporación Noboa, onde assumiu cargos importantes de gerência.
De acordo com o El País, sua carreira política só teve início em 2021, quando conquistou uma cadeira na Assembleia Nacional pela província de Santa Elena. No Parlamento, foi presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Produtivo e Projetos de Microempresa.
Enquanto legislador, o candidato se envolveu em uma polêmica ao organizar e financiar uma viagem à Rússia para estreitar laços com o país, em 2022, ação que foi alvo de severas críticas devido à Guerra na Ucrânia.
Propostas
Em entrevistas durante o período de campanha, o empresário afirmou que suas principais propostas envolvem investimentos em segurança e geração de empregos no país. “Durante os 18 meses à frente da presidência, vou focar em segurança e emprego, dois pontos urgentes para o Equador”, disse à imprensa.
Assim como sua opositora, Luisa González, ele defende uma ação repressiva ao crime organizado que toma conta do país nos últimos meses, com o fortalecimento das instituições de justiça.
Um de seus projetos envolve a criação de um serviço de inteligência de forma conjunta entre as Forças Armadas e a Polícia, com investimentos que ultrapassam os 800 milhões de dólares para vigilância de fronteiras, região portuária, proteção de bairros e controle de estradas. Ainda, se mostrou aberto a realizar acordos de cooperação com os Estados Unidos e a União Europeia.
Outra proposta relacionada à segurança é a construção de “prisões flutuantes”, como a criada no Reino Unido para receber imigrantes ilegais. Segundo o candidato, é uma forma de isolar os líderes de facções criminosas que atuam no país ao impedir a comunicação com os demais integrantes.
Suas ideias de governo ganharam notoriedade nas semanas que sucederam o assassinato do candidato à presidência pelo Movimento Contrói, Fernando Villavicencio, período no qual conquistou o voto de indecisos com discursos voltados à segurança pública.
Sua posição política gera controvérsias. De acordo com o jornal argentino Clarín e declarações à imprensa, o candidato se diz “um empresário com responsabilidade social, de centro-esquerda”, negando qualquer vínculo com a direita. Contudo, também se declarou uma opção frente ao correísmo.
A projeção para o segundo turno é de vantagem para o anticorreísta, que pode atrair os votos de Zurita, substituto de Villavicencio, terceiro colocado nas eleições e adversário do partido Revolução Cidadã, apoiado por Rafael Correa.