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Site da rede NBC traz entrevista concedida por David Goldman, à esquerda, dentro do avião rumo aos EUA | Reprodução/MSNBC.com
Site da rede NBC traz entrevista concedida por David Goldman, à esquerda, dentro do avião rumo aos EUA| Foto: Reprodução/MSNBC.com

David Goldman, norte-americano que se envolveu em uma disputa judicial pela guarda do filho com a família brasileira do garoto e recebeu a guarda dele na quinta-feira (24) disse que, "com o tempo", vai permitir que a avó de Sean o visite nos Estados Unidos.

Em entrevista concedida à rede de TV norte-americana NBC, que fretou o avião para levar pai e filho para os Estados Unidos, Goldman falou emocionado sobre o reencontro. "Meu garotinho está a alguns metros de mim, dormindo, em paz, meu coração está se derretendo. Eu o amo", disse David, em entrevista concedida dentro da aeronave.

Segundo o repórter da NBC que acompanhou David e Sean na viagem, os dois brincaram muito durante as nove horas de voo do Rio de Janeiro a Orlando, na Flórida. Sean estava calmo e dormiu por um bom tempo, disse o repórter, criticando a caótica chegada do garoto com a família brasileira ao consulado, onde pai e filho se reencontraram.

Segundo a reportagem, David disse que permitiria que a avó materna de Sean visitasse o garoto. "Vai levar algum tempo, mas não vou negar a ela e a ele se conhecerem", disse Goldman.

A reportagem ouviu o psicólogo infantil Harold Koplewicz, que disse que o primeiro mês de Sean nos Estados Unidos vai ser de uma difícil adaptação, mas que crianças têm uma grande capacidade de se adaptar.

A NBC disse que o número de crianças norte-americanas em situação semelhante, retirada de um dos pais e levada a outro país, é de 1.615, e que o controle de saída dessas crianças do território ameriano tem falhas.

David disse ainda à NBC que manteve o quarto de Sean na casa dele em Nova Jersey exatamente como ele era há cinco anos, quando o menino foi trazido para o Brasil.

Chegada aos EUA

O menino Sean, de 9 anos, e seu pai chegaram a Orlando na noite de quinta-feira (24). A rede de TV NBC, que pagou o transporte dos dois em jato particular, exibiu nesta noite participação ao vivo do repórter que os acompanhou durante o voo.

Mais cedo, um dos advogados de David, Ricardo Zamariola, disse que pai e filho vão passar o Natal nos parques da Disney, em Orlando. Sean foi entregue ao pai biológico na manhã desta quarta-feira (24), cumprindo ordem judicial.

O advogado afirmou que David pretende passar alguns dias na cidade de Orlando e, depois, deverá seguir para sua casa, em Nova Jersey. De acordo com ele, Sean e o pai estavam entrosados e conversavam bastante antes do embarque.

Sean embarcou com o pai biológico para os Estados Unidos por volta de 11h45 desta quinta-feira, no Aeroporto Tom Jobim. Eles viajaram em voo fretado. A avó brasileira, Silvana Bianchi, pediu para ir junto na aeronave, mas, segundo o advogado da família Bianchi, Sérgio Tostes, a solicitação foi negada pelo governo americano.

De acordo com Marcos Ortiz, outro advogado de David Goldman, após o tumulto, mais cedo, no consulado americano, Sean ficou mais calmo ao lado do pai biológico. No aeroporto, ele ficou em uma sala reservada com David e uma psicóloga do consulado. O advogado afirmou ainda que Sean se alimentou bem e conversou em inglês com o pai.

"Quando a 'poeira baixou' e ele ficou sozinho com o pai, a angústia nitidamente diminuiu. Ele tem uma afinidade grande com o pai, é perceptível, apesar desses anos de distância", disse Ortiz.

O advogado disse ainda que a entrega de Sean ao pai americano não foi da forma com eles haviam planejado e reafirmou que o consulado ofereceu que o carro da família Bianchi entrasse na garagem do consulado, para evitar a exposição do menino.

Sean passou a tarde de quarta-feira (23), seu último dia no Brasil, brincando com seis amigos no apartamento da família brasileira, de acordo com Silvana.

Avó desabafa

"Meu coração está vazio e partido porque está faltando o nosso amor", disse Silvana Bianchi, a avó materna do menino Sean, após o embarque do neto com o pai biológico.

O pai, por sua vez, divulgou carta em que destacou o "renascimento da família em uma época tão especial do ano".

Silvana disse que este vai ser o pior Natal que a família vai passar e que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) foi uma "covardia". "Levar a criança no dia de Natal é um crime hediondo. Ele foi separado da irmã (Chiara, de 1 ano e 3 meses), isso é uma covardia", criticou a avó de Sean.

Segundo ela, o menino ficou apavorado com o assédio da imprensa ao chegar esta manhã ao Consulado Americano, no Centro do Rio. A avó disse que temeu que Sean fosse pisoteado.

O governo americano, por outro lado, criticou a superexposição do garoto pela família brasileira na chegada ao consulado no Rio. "A avó, o advogado, a família, o padrasto e outros parentes de Sean tiveram total acesso ao consulado pela garagem, mas recusaram. O doutor [Sérgio] Tostes [advogado da família], quando falamos que não precisava aquilo, disse que eles eram livres para fazer o que quisessem", afirmou Orna Blum, porta-voz da Embaixada dos EUA.

"O maior objetivo do consulado era que Sean tivesse privacidade e segurança. O governo americano não está feliz com o que aconteceu", disse ela, referindo-se ao tumulto com a chegada ao consulado.

Antes do embarque, David divulgou agradecimento a "brasileiros e americanos que ajudaram no reencontro. "Por favor saiba que meu amor e do resto da família de Sean por ele não tem fronteiras e que iremos até o fim da Terra para protegê-lo e banhá-lo em cada grama do amor que temos", declarou ele, em carta.

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