Em sua primeira mensagem como presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump disse, na madrugada desta quarta-feira (9), que será o presidente “de todos os americanos”, e se comprometeu a tratar com justiça todos os países.
Cercado por seus familiares, o novo presidente americano disse que sua adversária, Hillary Clinton, o telefonou para felicitá-lo por sua vitória e disse que os Estados Unidos têm uma “dívida de gratidão” com ela.
Um candidato improvável
Quando o empresário Donald J. Trump anunciou em junho de 2015 a intenção de disputar a presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, poucas pessoas o levaram a sério.
Impulsivo, excessivo e com um ego gigantesco, Trump desafiou todas as previsões e surpreendeu o mundo na madrugada desta quarta-feira (9) ao se tornar o sucessor do presidente Barack Obama na Casa Branca.
Com discursos corrosivos que encontram ressonância nas frustrações e inseguranças dos americanos em um mundo em mutação, o magnata republicano de 70 anos foi a voz da mudança para milhões de cidadãos.
Em sua campanha agressiva para a Casa Branca, o bilionário provocou a explosão do Partido Republicano, incapaz de compreender seus eleitores e de responder as suas necessidades.
Antes de iniciar a campanha, o empresário era mais conhecido por sua imensa fortuna, por seus hotéis luxuosos, campos de golfe e cassinos que levam seu sobrenome, assim como por seus divórcios que ganharam espaço na imprensa sensacionalista e por ser o apresentador do reality show “O Aprendiz”.
Tudo isso o tornou uma figura conhecida nas residências americanas.
Mas Trump demonstrou ser um formidável animal político, um herói improvável da classe trabalhadora, com a promessa de “tornar os Estados Unidos grandes de novo”.
Uma corrida imprevisível
Na campanha, Trump demonstrou a capacidade de dizer, tudo, realmente tudo, o que pensa. Denunciou um sistema político “manipulado” e acusou funcionários de “corruptos”. Também afirmou que a imprensa, em sua opinião, “envenena o espírito dos americanos”.
Apresentou soluções simples para problemas complexos: para deter a imigração clandestina pretende construir um muro na fronteira mexicana, que seria pago pelo México. Trump anunciou a intenção de expulsar 11 milhões de pessoas que vivem ilegalmente no país, em sua maioria latino-americanos. E prometeu devolver empregos aos Estados Unidos renegociando acordos comerciais internacionais.
Para prevenir ataques, defendeu a proibição de entrada no país de imigrantes procedentes de nações com “uma história comprovada de terrorismo”, depois de ter afirmado que rejeitaria todos os muçulmanos.
Ele é considerado arrogante, carismático, rude e, às vezes, simpático. E, apesar de suas contradições e do incômodo demonstrado nos três debates presidenciais, seus seguidores querem acreditar nele.
Provocador
Ainda mais porque Trump – que desembolsou 56 milhões de dólares da própria fortuna para financiar sua campanha – parece a seus simpatizante incorruptível ante Hillary Clinton, ligada a Wall Street e odiada por boa parte da população.
O apelido que Trump atribuiu à rival democrata, “Crooked Hillary” (algo como “Hillary Desonesta”), pegou e atingiu em cheio seu objetivo.
Durante a campanha, ele insultou mulheres, muçulmanos, latinos e afastou os negros.
À margem de seu perfil político, sua vida privada é marcada pelo luxo. Sua esposa Melania, uma ex-modelo eslovena de 46 anos, dedica seu tempo a criar, longe da imprensa e da curiosidade pública, o filho do casal, Barron, de 10 anos.
O casal mora em uma penthouse tripla na cobertura da Trump Tower de Manhattan – quase um mini palácio – e viaja em um Boeing 757 particular, com seu sobrenome estampado em letras gigantes.
Os filhos mais velhos, Ivanka, Donald Jr, Eric e Tiffany, são os seus principais pilares. Todos se envolveram ao máximo na campanha do pai, a quem defendem até o fim.
Com seu famoso cabelo louro, sempre de terno, provoca fascínio e horror, dependendo de quem o analisa.
Durante a campanha, as pessoas responsáveis por verificar fatos detectaram várias mentiras de Trump, sobre os mais variados temas.
Quando várias mulheres o acusaram de comportamento inapropriado e gestos sexuais, chamou todas de mentirosas.
Democrata e Republicano, em alternância
Trump não é exatamente inflexível em sua ideologia: foi democrata até 1987, depois republicano (1987-1999), membro do Partido da Reforma (1999-2001), democrata outra vez (2001-2009) e novamente republicano.
Nascido em Nova York, Donald Trump é o quarto de cinco filhos de um promotor imobiliário nova-iorquino. Foi enviado a uma escola militar para tentar acalmar seu temperamento explosivo.
Depois de estudar Administração, passou a trabalhar na empresa familiar. Seu pai o ajudou com o que Trump chamou de “pequeno empréstimo de um milhão de dólares”.
Ele assumiu o controle do negócio familiar em 1971 e impôs sua marca. Se o seu pai construía apartamentos para a classe média, ele preferiu as torres luxuosas, os hotéis cassinos e os campos de golfe, de Manhattan a Mumbai.
Além disso, Trump é apaixonado pelo mundo do entretenimento: gosta da luta livre e até 2015 foi coproprietário dos concursos Miss Universo e Miss Estados Unidos. De 2004 a 2015 apresentou o programa “O Aprendiz”, que era assistido por dezenas de milhões de telespectadores.
Em sua carreira, apresentou e foi alvo de dezenas de processos civis vinculados a seus negócios.
O agora presidente eleito se negou a divulgar sua declaração de impostos – uma tradição para os candidatos à Casa Branca – e reconheceu a contragosto que não pagou impostos federais durante anos, depois de ter declarado uma perda colossal de 916 milhões de dólares em 1995. “Isto faz de mim uma pessoa inteligente”, disse.
Trump repetiu durante a campanha que tem um programa “fenomenal” para seus primeiros 100 dias na Casa Branca.
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