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O ano de 2024 foi, sem dúvida, um dos mais agitados da vida do empresário Elon Musk. Do pioneirismo tecnológico ao protagonismo na política internacional, o bilionário, que lidera gigantes como a Tesla e a SpaceX, bem como a rede social X, alternou entre manchetes de jornais mundo afora por avanços inovadores, embates em defesa da liberdade de expressão e um papel decisivo na vitoriosa campanha presidencial do republicano Donald Trump nos EUA.
Começo de ano com pioneirismo
O ano de Musk começou com a Neuralink, uma de suas empresas mais visionárias, alcançando um marco histórico: o primeiro implante de um chip cerebral em um ser humano, que foi realizado com sucesso em janeiro.
O dispositivo deve permitir que pessoas possam controlar dispositivos apenas com o pensamento. Musk descreveu os primeiros resultados do teste em humanos como “promissores” e ressaltou que o objetivo a longo prazo e viabilizar a restauração de funções essenciais, como a visão e os movimentos de pacientes com deficiências neurológicas.
Essa inovação colocou o empresário sul-africano novamente na liderança das tecnologias disruptivas, aproximando o que antes parecia ficção científica da realidade prática.
O embate pela liberdade de expressão: confronto direto contra Moraes
No Brasil, Musk protagonizou um embate de proporções inéditas contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O confronto começou em abril, com a divulgação dos Twitter Files Brasil, uma série de documentos revelados pelos jornalistas Eli Vieira, Michael Shellenberger e David Ágape que expuseram ordens judiciais sigilosas enviadas ao X. Essas ordens exigiam a suspensão de contas e a coleta de dados de usuários, sob ameaça de multas.
Musk classificou as ordens como censura, chamou Moraes de “ditador” e disse que ele estava destruindo a liberdade de expressão no Brasil. Durante o período de confronto, o bilionário mencionava diariamente o ministro e o caso em sua conta no X, que possui mais de 200 milhões de seguidores, atraindo a atenção de jornais e agências de notícias globais, intensificando ainda mais o debate sobre a escalada da censura no país.
A confronto entre Musk e Moraes escalou em agosto, quando ministro ordenou a suspensão do X no Brasil após o empresário se recusar a cumprir determinações judiciais para bloquear contas específicas e retirar a representação da empresa no país. Musk tomou tal atitude afirmando que as ordens de Moraes violavam as próprias leis brasileiras e que seus funcionários estavam sob risco de prisão no Brasil. Durante a suspensão da rede social, Musk criou a conta Alexandre Files, que serviu para continuar expondo documentos sigilos contendo ordens judiciais que ele considerava como censura.
O confronto contra Moraes também atingiu a Starlink, empresa de internet via satélite liderada por Musk, que teve suas contas congeladas no Brasil. Apesar disso, o empresário manteve o fornecimento gratuito de internet para escolas e hospitais em regiões remotas.
A plataforma X foi reativada em outubro, após Musk ceder às exigências de Moraes e ver o dinheiro das contas da Starlink ser utilizado para pagar multas.
Além da disputa no Brasil, Musk vem sendo voz ativa da defesa da liberdade de expressão em países que estão sob as asas da União Europeia (UE), no Reino Unido, Canadá e na Austrália, onde burocratas desejam impor cada vez mais leis que regulam o que pode ou não ser dito.
Inovações tecnológicas e recorde financeiro
Mesmo com sua atuação política em destaque, Musk manteve um ritmo elevado de inovações em suas empresas.
A xAI, empresa de inteligência artificial de Musk, lançou modelos de IA avançados, como o Grok, ampliando sua disputa no setor tecnológico.
A SpaceX realizou feitos históricos, como o teste bem-sucedido do foguete Starship, o maior e mais poderoso já construído. O Starship, utilizando o tecnológico propulsor “Super Heavy”, fez história ao realizar com precisão uma aterrissagem com “marcha à ré”, completando com sucesso um voo de teste. Este voo serviu para consolidar a SpaceX como uma autoridade no desenvolvimento de naves reutilizáveis.
Além do teste com o Starship, a SpaceX também coordenou com sucesso o lançamento da missão Polaris Dawn, realizada em setembro. Organizada como parte do Programa Polaris, do empresário Jared Isaacman, a missão destacou-se por marcos pioneiros, incluindo a realização da primeira caminhada espacial da história realizada por um civil – o próprio Isaacman.
A SpaceX continua sendo uma das empresas mais avançadas em temas sobre a exploração espacial, e foi selecionada pela Nasa levar novamente o homem à Lua. Além disso, a empresa trabalha para viabilizar as viagens interplanetárias, como a ida até Marte.
Por sua vez, a Tesla apresentou produtos inéditos e dignos de filmes de ficção cientifica, como o CyberCab, um táxi autônomo sem motorista, e a Robovan, um microônibus elétrico, que promete revolucionar o transporte público. Além disso, o robô humanoide Optimus também foi apresentado ao público, com unidades sendo demonstradas realizando tarefas como servir bebidas e cortar grama. Embora o robô ainda esteja em fase de desenvolvimento, ele já é visto como um potencial divisor de águas no campo da automação.
O ano também marcou um recorde pessoal: Musk se consolidou como o homem mais rico do mundo e tornou-se a primeira pessoa na história a ultrapassar a marca de US$ 400 bilhões em patrimônio. O crescimento de sua fortuna foi impulsionado pela alta das ações da Tesla e da SpaceX, além da valorização de suas diversas outras empresas.
Papel decisivo na vitória de Donald Trump
Nos Estados Unidos, Musk desempenhou um papel crucial na volta do republicano Donald Trump à Casa Branca. O empresário anunciou oficialmente seu apoio a Trump logo após o republicano ser alvo de uma tentativa de assassinato durante um comício na Pensilvânia em julho.
Durante a campanha, Musk foi o maior financiador de Trump e atuou como um forte estrategista e amplificador das mensagens defendidas pelo republicano.
Com uma contribuição de mais de US$ 200 milhões, grande parte canalizada pelo America PAC, seu comitê de ação política, Musk ajudou a impulsionar ações de mobilização de eleitores, como ligações, anúncios digitais, comícios e outros eventos públicos.
O bilionário também aproveitou o amplo alcance de sua plataforma, a rede social X, para mobilizar eleitores indecisos, destacando a importância da disputa eleitoral e alertando sobre os potenciais prejuízos que uma nova administração democrata poderia trazer aos Estados Unidos.
Musk participou de grandes comícios realizados pela campanha de Trump, como o retorno do republicano à Pensilvânia, onde havia sofrido o atentado em julho. No local, Musk destacou a importância da disputa contra a democrata Kamala Harris.
“Esta é a eleição mais importante da sua vida. Se há um momento para votar, é agora”, disse ele.
Após a vitória republicana, Trump anunciou a criação do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, mesmo nome de uma criptomoeda criada por Musk), nomeando o bilionário sul-africano e o também empresário Vivek Ramaswamy, que disputou as primárias republicanas, como líderes da iniciativa. O departamento, que já havia sido prometido por Trump durante a campanha, tem como objetivo cortar cerca US$ 500 bilhões em gastos públicos desnecessários, reduzindo a burocracia e modernizando a administração federal.
Combinando inovação, influência política e confrontos estratégicos, Musk deve encerrar 2024 sendo uma das figuras mais poderosas do mundo. Com planos ambiciosos para 2025, incluindo novas missões espaciais, avanços na inteligência artificial e a popularização de veículos autônomos, o empresário segue determinado a moldar o futuro em todas as frentes.
“O futuro vai ser fantástico”, disse Musk logo após a vitória de Trump.