A linguagem corporal é crucial em cada aspecto das relações humanas, sendo que o aperto de mãos cumpre um papel importante ao evidenciar a disposição de duas pessoas ao diálogo.
Na diplomacia, adota-se uma linguagem mais universal quanto a significados das expressões corporais: elas assumem uma posição que transcende a educação, sendo percebidas também como meio de manifestação política e posicionamento diplomático.
O aperto de mãos diplomático, embora também seja sempre entendido como um sinal de boa-fé e predisposição para cooperar, será sempre aguardado para que seja possível mensurar, através da linguagem corporal dos protagonistas, o estágio do diálogo e o tom o ser adotado.
A recusa em apertar as mãos, por outro lado, será diplomaticamente entendida como um sinal de ruptura ou reprovação, como quando o Príncipe Charles ignorou a mão estendida por Idi Amin Dada durante o funeral de Jomo Kenyatta em 1978, em uma clara manifestação de reprovação quanto ao regime de Terror Vermelho em Uganda.
O presidente chinês Xi Jinping e o primeiro-ministro Shinzo Abe protagonizaram um desses momentos da diplomacia onde a linguagem corporal evidencia o estado das relações entre os países.
Constrangido
Pela primeira vez em seus governos, os dois dignitários asiáticos realizaram conversas formais na tentativa de diminuir tensões entre as duas maiores economias da Ásia.
As conversas foram seladas por um polido e constrangido aperto de mãos, que demonstrou uma abertura para o diálogo, por mais que a linguagem corporal deles anunciasse um diálogo frágil e embrionário.
Eduardo Saldanha, professor de Relações Internacionais da FAE.
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