Da esquerda para a direita: o ex-presidente John F. Kennedy; o atual presidente Joe Biden; e o ex-presidente Franklin D. Roosevelt| Foto: Wikimedia Commons/Robert LeRoy Knudsen/EFE/EPA/SHAWN THEW/Wikimedia Commons/Vincenzo Laviosa
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A atuação do presidente Joe Biden no debate em Atlanta na quinta-feira passada ofereceu novas evidências do que muitos americanos suspeitavam há anos: o atual presidente de 81 anos parece estar lutando contra um grave declínio cognitivo relacionado à idade.

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Na sequência do debate, novos relatórios sugerem que os assessores de Biden se esforçaram muito nos últimos meses para proteger o idoso presidente dos repórteres, do público e até mesmo do pessoal da residência da Casa Branca. Ele está supostamente mais engajado entre 10h e 16h, quando os assessores provavelmente agendarão seus eventos públicos.

E embora o presidente seja conhecido por cometer gafes nas suas aparições públicas, “as pessoas que estiveram com ele mais recentemente disseram que os lapsos se tornaram mais frequentes, mais pronunciados e mais preocupantes”, publicou o New York Times.

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Ele costuma cercado por funcionários em sua caminhada até o Marine One - onde ficam os helicópteros oficiais que carrega o presidente dos EUA - e agora usa tênis de sola maior, em um aparente esforço para evitar tropeços. Ele dá muito menos coletivas para a imprensa do que seus antecessores recentes e evita entrevistas sentadas. Além disso, quando aparece em eventos públicos, Biden quase sempre recorre a um teleprompter.

“Eles sempre o vigiaram – não apenas ele, mas [a primeira-dama] também”, disse Michael LaRosa, que anteriormente atuou como assistente especial do presidente e porta-voz da primeira-dama Jill Biden, à National Review na segunda-feira. “Eles são muito agressivos na proteção de sua privacidade e no acesso a ele e na limitação do acesso a ele. Mas não pensei nisso como algo relacionado à idade, para ser sincero.”

Infelizmente, esta não é a primeira vez que os funcionários da Casa Branca trabalharam para esconder do público americano as evidências da enfermidade de um presidente: ao longo da história dos EUA, quando algum chefe de Washington ficou física ou mentalmente debilitado, aqueles ao seu redor - membros da família, conselheiros e funcionários – empregaram uma variedade de táticas para proteger a administração das consequências resultantes, mantendo os eleitores no escuro.

“Grover Cleveland foi provavelmente o mais flagrante, porque ele passou por uma operação real de câncer em 1893, em um iate, entre todas as coisas – uma operação móvel que foi completamente escondida da imprensa e onde ele perdeu grande parte de sua mandíbula superior”, diz Jerald Podair, professor de história e estudos americanos na Lawrence University. “Houve um relatório real sobre essa operação, e foi apenas negação, negação e negação da Casa Branca. O resto da imprensa conspirou com a Casa Branca e manteve isso em segredo”.

O presidente Thomas Woodrow Wilson sofreu uma série de derrames que o deixaram acamado durante grande parte de sua presidência e deixou o país com uma presidente secreta – a primeira-dama Edith Wilson.

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"Sra. Wilson, lendariamente, não é apenas a sua guardiã, mas, em grande medida, a real tomadora de decisões durante o último ano e meio na presidência de Thomas”, diz Podair.

Franklin D. Roosevelt contraiu poliomielite em 1921, e sua recuperação o ajudou a montar um retorno político que o levou à mansão do governador em Nova York e depois à presidência.

Ele sucedeu Herbert Hoover, que “não é um tipo de político brilhante, alegre e sorridente” junto à mídia, observa Podair, e a imprensa “quase se apaixonou por Roosevelt”.

“Depois que ele se tornou presidente, a mídia começou a conspirar para esconder a extensão de sua doença”, continua ele. “Ele raramente era fotografado em uma cadeira de rodas. Ele raramente era fotografado da cintura para baixo, e isso, claro, era obra de uma mídia que sabia que ele não conseguia andar, mas dava a impressão de que conseguia andar com ajuda”.

Em meados da década de 1940, Roosevelt tinha pressão alta, hipertensão e doenças cardíacas – um cenário complicado para o seu círculo íntimo, dada a importância do presidente para o esforço de guerra. Os médicos da Casa Branca estavam bem cientes de suas enfermidades e as esconderam do público enquanto ele concorria ao 4º mandato. Ele morreu três meses depois de um derrame grave.

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Tanto o presidente Dwight D. Eisenhower quanto o presidente Lyndon B. Johnson também tinham histórico de doenças cardíacas, tendo Eisenhower sofrido dois ataques cardíacos graves durante o mandato.

Quando o presidente Ronald Reagan foi baleado, o público não foi informado da gravidade do ferimento. A bala estava a poucos centímetros de seu coração e a Casa Branca minimizou a seriedade da tentativa de assassinato.

Esta tendência remonta ao 3º presidente do país, Thomas Jefferson, que sentiu dores de cabeça “prolongadas e incapacitantes”, especialmente em seu último ano de mandato. Enquanto isso, o presidente Chester Arthur sabia que tinha um caso fatal da doença de Bright quando sucedeu o presidente James Garfield.

“Há aqui uma tradição bipartidária de ocultar as enfermidades presidenciais”, disse Stephen Knott, historiador e professor emérito de assuntos de segurança nacional na Escola de Guerra Naval dos EUA, ao National Review.

A campanha presidencial do presidente John F. Kennedy em 1960 fez de tudo para esconder o fato de que ele estava bastante doente com a doença de Addison.

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Ele tinha colite e uma doença degenerativa nas costas, para a qual foi submetido a pelo menos três operações que foram consideradas tão graves que até um padre católico foi chamado para administrar a extrema-unção - sacramento dedicado aos enfermos.

Os registros médicos divulgados décadas após sua morte revelaram que ele tomava constantemente medicamentos antes e durante sua presidência, incluindo analgésicos, estimulantes, antiespasmódicos e pílulas para dormir.

O público não teve uma noção muito clara de todas as doenças de Kennedy até 2003, quando o historiador Robert Dallek publicou Uma Vida Inacabada (tradução livre para An Unfinished Life), que apresentava registos médicos inéditos da Biblioteca Kennedy que provavam o quão doente o jovem mandatário tinha estado.

Da mesma forma, somente décadas após a morte de Roosevelt que o público teve conhecimento da extensão de sua doença.

No entanto, no atual ambiente de comunicação social 24 horas por dia, 7 dias por semana, é mais difícil guardar segredos quando cada repórter e cidadão tem uma câmera de celular para captar cada gafe e passo em falso de um presidente.

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“Uma das coisas naquele debate da semana passada foi que Biden simplesmente parecia velho. Quando se trata de Franklin Roosevelt, a única coisa que você veria seria uma imagem granulada em preto e branco em um jornal”, disse Knott. “É muito mais difícil determinar se alguém está falhando quando você olha uma foto granulada em preto e branco no jornal de cinco centavos, ao contrário das câmeras de alta potência atuais que podem detectar cada nova linha e rugas no rosto de um presidente”.

Antes de Watergate, havia um “alto muro de separação” entre “o que era considerado público e o que era considerado privado”, disse Knott. As questões de saúde foram vistas pela imprensa como algo da vida privada. “A imprensa relutou em noticiar coisas como o alcoolismo, por exemplo, até os tempos modernos”.

“Havia uma noção mais antiga de que o que estava em praça pública era um jogo justo e o que era privado era considerado privado. Agora, garanto que a saúde de um presidente deveria ser considerada uma questão pública, mas acho que durante boa parte do século 20 não foi”, disse ele.

O maior desafio para os democratas no momento é que o público americano está agora bem consciente da enfermidade de Biden. Mantê-lo como candidato neste momento é um grande risco.

©2024 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês: How Past Presidents Have Hidden Their Infirmities, Just Like Biden

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]