A chanceler alemã, Angela Merkel, 64, lidera pela oitava vez consecutiva a lista das cem mulheres mais poderosas do mundo divulgada nesta terça-feira (4) pela revista Forbes.
O poder de Merkel, ressalta a revista, permanece intacto mesmo diante do anúncio da chanceler alemã, em outubro passado, de que não buscará um quinto mandato na chefia de governo em 2021 e que deixará a liderança da União dos Democratas Cristãos (CDU) no fim de 2018.
Segundo a Forbes, o impacto que ela teve como líder da CDU desde 2000 e chanceler alemã desde 2005 é inegável. "Merkel continua como a líder de fato da Europa, liderando a maior economia da região depois de guiar a Alemanha pela crise financeira e de volta ao crescimento", afirma a publicação.
Na lista geral da revista, divulgado em maio, ela aparece em quarto lugar, atrás dos presidentes da China, Rússia e Estados Unidos.
No cenário interno, contudo, Merkel passou a enfrentar dificuldades. Desistiu de concorrer a reeleição à liderança da CDU na votação prevista para este mês depois de resultados desfavoráveis em eleições regionais para os partidos da coligação que a sustenta.
No estado de Hesse, a CDU venceu com cerca de 27% dos sufrágios, seu pior desempenho local em mais de 50 anos. Os sociais-democratas, parceiros dela na situação, alcançaram um segundo lugar com sua marca mais baixa em mais de 70 anos. Baque semelhante ocorreu no pleito da Baviera. Ali, a CSU, "irmã" local da CDU, perdeu 16 cadeiras legislativas, e a SPD (social-democracia) ficou na quinta colocação.
Na eleição nacional de 2017, a maré já começara a virar, com a ascensão do partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD) ao Bundestag e um período de limbo de seis meses até a formação do atual governo.
Na chancelaria, Merkel arrastou a conservadora CDU para uma posição mais centrista no espectro político alemão. Aumentou benefícios sociais, aboliu o alistamento militar obrigatório e restringiu a produção de energia oriunda de fontes fósseis.
Mas talvez o episódio mais simbólico dessa guinada tenha sido a política de portas abertas para a imigração, que fez chegarem ao país, só em 2015, mais de 1,1 milhão de refugiados.
A medida, saudada por organizações humanitárias e líderes progressistas, rendeu críticas a Merkel em seu próprio partido, assim como em estratos mais nacionalistas da sociedade alemã, sobretudo nos estados da antiga República Democrática Alemã (leste). Alguns analistas avaliam que a forma como a chanceler conduziu a política migratória nacional turbinou discursos e agremiações xenófobas, como a cada vez mais robusta AfD.
Britânica May é segunda na lista
A lista da Forbes segue com a premiê britânica, Theresa May, 62, que enfrenta forte oposição de dentro e fora de sua coligação para a aprovação do acordo do "brexit", a saída britânica do Reino Unido.
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Em terceiro lugar está Christine Lagarde, 62, a diretora do FMI (Fundo Monetário Internacional). Em seguida, Mary Barra, a CEO da General Motors, e em quinto, Abigail Johnson, CEO da Fidelity Investments.
Fora do cenário político, garantem espaço na lista a cantora Taylor Swift, 28, em 68º lugar e a autora americana Shonda Rhimes, 48, responsável por sucessos como "Grey's Anatomy" e "Scandal", em 12º lugar.